Colo de Mãe

Cristiane Gercina é mãe de Luiza e Laura. Apaixonada pelas filhas e por literatura, é jornalista de economia na Folha

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Pandemia faz Itaú mudar distribuição de livros infantis

Programa não chegará mais a todos os lares brasileiros; entrega será focada em comunidades de cidades carentes

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São Paulo

A pandemia de coronavírus fez o Itaú Social alterar a política de distribuição de livros infantis do tradicional programa Leia para Uma Criança, que também mudou de nome. Agora chamado de Leia com Uma Criança, o programa irá entregar livros a comunidades, instituições e bibliotecas que estejam em municípios em situação de vulnerabilidade social.

A distribuição continua gratuita, mas não será mais para todos os lares brasileiros, como ocorria desde que o programa teve início, em 2010. O motivo, segundo representantes, é a intenção de focar os recursos em locais de difícil acesso à leitura e onde há menos recursos financeiros, após o aumento das desigualdades sociais no pós-pandemia.

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Lançamento da campanha de 2022 do programa Leia com Uma Criança, do Itaú Social, no Museu da Língua Portuguesa - Cristiane Gercina/Folhapress

De 2010 a 2020, quando completou dez anos, o Leia para Uma Criança distribuiu uma média de 6 milhões de livros por ano. Ao todo, foram entregues mais de 57 milhões de unidades a famílias e entidades que faziam a solicitação por meio de link na internet. Até 2020, os livros eram entregues nas casas, pelos Correios.

Em 2022, a meta é distribuir 2 milhões de livros a secretarias municipais de educação e instituições sociais de todo o país, com prioridade para as que estão localizadas em municípios mais vulneráveis, considerando o grau de concentração de renda, conforme o índice de Gini.

"Diante dos desafios impostos pelo acirramento das desigualdades, reafirmamos o nosso compromisso com a equidade. Direcionamos os esforços da campanha para promover e democratizar o acesso à leitura literária de qualidade para famílias e crianças em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica", diz Angela Dannemann, superintendente do Itaú Social.

"A gente adoraria entregar para todas as crianças, mas no momento em que temos que fazer uma escolha e sobretudo pós-pandemia, em que as desigualdades ficaram mais acirradas, a gente acredita que essa foi uma escolha, na verdade, quase um dever, de entregar esses livros para as crianças que, de fato, não têm acesso a outras oportunidades", afirma Dianne Melo, coordenadora de engajamento social e leitura do Itaú Social.

Como pedir os livros do programa Leia com Uma Criança 2022

Organizações sociais e secretarias municipais de educação podem obter informações sobre os kits com dois livros escolhidos para serem distribuídos neste ano no link itausocial.org.br/leiacomumacrianca. Em 2022, as obras são de literaturas negra e indígena.

As inscrições para receber os livros são em https://www.itausocial.org.br/editais/ onde há também outros editais abertos. O período de inscrição começou às 12h do dia 8 de agosto e irá até as 18h (horário de Brasília) do dia 2 de setembro.

No kit, a instituição receberá o livro "De passinho em passinho: um livro para dançar e sonhar", de Otávio Júnior, com ilustrações de Bruna Lubamba, que trata da dança do passinho, tradicional nas comunidades do Rio de Janeiro. Negro, Otávio ficou conhecido por abrir as primeiras bibliotecas nas favelas do Complexo do Alemão e no Complexo da Penha.

O outro livro é "A pescaria do curumim e outros poemas indígenas", escrito pelo autor indígena Tiago Hakiy, descendente do povo Sateré Mawé. Hakiy, que significa coruja, mora na cidade de Barreirinhas, no Amazonas, mas ainda visita sua comunidade todos os finais de semana, quando tem contato total com a natureza. "Nossa casa é a floresta e nossa estrada são os rios", diz ele.

Desde 2010, o programa do Itaú Social e do Itaú Unibanco já vinha distribuindo livros direcionados a crianças matriculadas na rede pública de municípios vulneráveis, organizações da sociedade civil e bibliotecas. Em 2019, o programa recebeu pela primeira vez o Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura.

Além disso, houve duas outras alterações importantes: a busca por diversidades nos editais de inscrição para a escolha dos livros, privilegiando autores negros e indígenas brasileiros, e o foco em promover a leitura com as crianças, fazendo com que não só familiares, mas cuidadores e demais pessoas que têm contato com os pequenos faça a leitura e a mediação com eles.

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