Cristina Serra

Paraense, jornalista e escritora. É autora de "Tragédia em Mariana - A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil". Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense.

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Cristina Serra

Bolsonaro na cena do crime

Ou fugitivo da Flórida conspirou para um golpe de Estado ou prevaricou

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Qualquer coisa que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) diga ou deixe de dizer depois da entrevista que deu à revista Veja não anula o fato principal de que ele posicionou o fugitivo da Flórida em lugar de destaque na cena do crime. No dia 9 de dezembro, Do Val esteve numa reunião com Bolsonaro e com o ex-deputado Daniel Silveira em que foi tramado um golpe contra a democracia e o Estado de Direito.

Se tudo desse certo, o plano consistiria em prender o ministro do STF Alexandre de Moraes, invalidar o resultado da eleição, impedir a posse de Lula e manter Bolsonaro no poder. Do Val revela o complô com a maior tranquilidade na entrevista, como pode ser verificado no áudio divulgado por Veja.

O senador Marcos do Val em coletiva de imprensa em seu gabinete, na quinta-feira (2), sobre o plano de Daniel Silveira - Pedro Ladeira/Folhapress - Folhapress

Não são declarações aleatórias. O senador oferece detalhes sobre a participação do Gabinete de Segurança Institucional. Caso topasse a empreitada golpista, Do Val seria encarregado de obter alguma declaração comprometedora do ministro Alexandre de Moraes, gravando-a de forma clandestina.

Para tal missão, seria equipado pelos arapongas do GSI do general Augusto Heleno. A tramoia sinistra faz parte do mesmo enredo que começou com os acampamentos em frente aos quartéis e terminou (aparentemente) com a explosão terrorista de 8 de janeiro.

Diante da repercussão da entrevista, o senador adotou a técnica manjada e previsível de confundir e misturar versões como se fosse um trapalhão. Agora não sabe nem dizer ao certo onde a reunião ocorreu: se no Alvorada, no Jaburu ou no Torto.

A barafunda mental não é crível e, mais importante, as imprecisões e contradições das falas de Do Val não eliminam a questão essencial de que Bolsonaro foi artífice do plano golpista ou, no mínimo, soube da trama e nada fez para impedi-la. Portanto, das duas uma: ou cometeu o crime de conspirar para dar um golpe de Estado ou prevaricou. Ambos são crimes e aproximam Bolsonaro, cada vez mais, da hora de prestar contas com a Justiça.

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