Dan Ariely

Professor de economia comportamental e psicologia na Universidade Duke (EUA), autor de “Previsivelmente Irracional”.

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Ask Ariely: Perda de tempo, enfrentamento fracassado e jogo matrimonial

O que fazer quando um grupo de amigos quer sair, mas a indecisão sobre onde ir persiste?

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Querido Dan,

Toda vez que vou combinar de encontrar meus amigos, temos o seguinte diálogo: “Onde você quer ir?” “Não sei.” “E você? Onde quer ir?” “Também não sei.” As discussões são, além de frustrantes, uma grande perda de tempo. Algum conselho sobre como chegar a uma decisão mais rapidamente?
–Mateus

 

Quando alguém pergunta “o que você quer fazer esta noite?”, o que eles estão dizendo implicitamente é: “Qual é a coisa mais excitante que podemos fazer hoje à noite considerando todas as opções e todas as pessoas envolvidas?”

O problema é que descobrir a melhor solução é muito difícil. Primeiro, precisamos nos lembrar de todas as alternativas, das nossas preferências e das preferências das pessoas do grupo. Então temos que encontrar a única atividade que irá maximizar este conjunto de restrições e preferências.

 Ambiente do Bar Caos, na Augusta, eleito o melhor lugar para ir com amigos
Onde sair com os amigos? - Leticia Moreira/ Folhapress

O problema básico aqui é que, na busca pela atividade ideal, vocês não estão levando em conta o custo do tempo de tomar a decisão, isso faz com que vocês desperdicem o precioso tempo que poderiam estar juntos se perguntando “o que você quer fazer?”.

Para superar esse problema, eu configuraria uma regra que limitasse a quantidade de tempo que vocês podem usar para decidir onde ir, e deixaria uma alternativa padrão caso vocês não consigam uma opção melhor. Por exemplo, uma atividade que vocês já gostam de fazer juntos (ir beber no lugar X, jogar basquete no clube Y) e anuncie aos seus amigos que, a menos que alguém encontre uma alternativa melhor, em 10 minutos todos vocês estão saindo para o X  (ou Y).

Eu também deixaria um temporizador no seu telefone para deixar claro que você está falando sério e para ter certeza de que o limite de tempo é mantido. Uma vez que a campainha soar, basta começar a sair para X (ou Y), perguntando quem quer vir com você e dizendo a todos que você vai encontrá-los lá. Depois de fazer isso algumas vezes, seus amigos vão se acostumar com isso e talvez acabem com esse hábito.


Querido Dan,
Eu gostaria de entender algo que vejo em minha própria vida e em empresas de bilhões de dólares: a mudança do objetivo de sucesso para o objetivo de não falhar. Você vê isso em empresas como a Microsoft e também em instituições como a NASA, que passou da era ambiciosa dos anos 1960-1980 para seu atual programa conservador. O que podemos fazer para superar esse problema?
—Alex

 

Supondo que isso seja de fato um padrão generalizado (e seria interessante coletar dados sobre a questão), poderia ser um resultado simples do efeito de propriedade: basicamente, uma vez que possuímos alguma coisa, nos acostumamos a ela e relutamos muito em vê-la ir embora. 

Quando você está apenas começando, você não tem nada, então você olha para a chance de perder e ganhar em algum grau de igualdade. Mas uma vez que você experimenta algum sucesso, você começa a pensar com mais cuidado sobre o que você tem, e como você não quer perder isso, tornando-se muito mais conservador.

No processo, você acaba por desistir das coisas que lhe deram sucesso desde o começo. Tampouco as empresas estão sozinhas nisso: suspeito que a tendência a mudar para uma postura defensiva de não fazer nada é também muito comum no comportamento de nossos funcionários públicos e agentes do governo.


Querido Dan,
Alguém me disse uma vez que o casamento é como apostar metade de tudo que você possui que vai amá-lo(a) para sempre. Você concorda?
– Shane

 

Do ponto de vista de um observador externo, existem algumas coisas na vida que podem ser descritas como uma aposta –enquanto que para as pessoas diretamente envolvidas, olhar dessa maneira será uma ideia muito ruim. 

O casamento é um desses casos. Pode ser divertido e interessante pensar nos casamentos de outras pessoas nesses termos, mas não fique tentado a pensar sobre o seu próprio relacionamento dessa maneira. E certamente não mencione essa visão para o seu companheiro(a).

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