Dan Ariely

Professor de economia comportamental e psicologia na Universidade Duke (EUA), autor de “Previsivelmente Irracional”.

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Dan Ariely

Ask Ariely: Como mudar a opinião de pessoas extremistas?

Campanha agressiva em cidade em Israel mostrou que é possível

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Querido Dan,
Na tentativa de mudar a opinião de meus amigos extremos, me posiciono politicamente nas minhas redes sociais. Acontece que tenho a impressão que mostrar dados e fatos que contradizem as opiniões das pessoas que apresentam pensamentos extremos reforça ainda mais as suas crenças! Isso significa que não há como mudar a opinião de pessoas extremistas?
–Jordânia

Mudar as opiniões das pessoas é realmente difícil, mas há esperança. Uma descoberta paradoxal é que, apresentar argumentos que reforçam as crenças, mas são ainda mais extremos que a opinião dos extremistas acaba persuadindo essas pessoas a se tornarem mais moderadas. Em um artigo publicado no Proceedings of National Academy of Sciences, Boaz Hameiri e colegas descrevem uma intervenção feita em uma cidade de Israel, onde essa abordagem foi utilizada em uma campanha publicitária sobre o conflito entre Israel e a Palestina. A campanha foi criada para tentar mudar as opiniões dos israelenses de direita que se opõem à paz.

Palestino protesta em frente a tropas israelenses
Palestino protesta em frente a tropas israelenses - Mohamad Torokman/Reuters

Os anúncios apresentavam aos participantes afirmações absurdas sobre os benefícios do conflito –por exemplo, que é bom para a camaradagem e a moral e ajuda a criar uma cultura única de Israel. Os resultados mostraram que a campanha mudou as opiniões.

Aqueles com visões mais extremas de oposição à paz contaram que votaram de forma diferente, se tornaram mais conciliatórios e não mostraram apoio às políticas agressivas. Para reforçar os resultados positivos dessa abordagem, a moderação dos extremistas não foi identificada em outra cidade israelense comparável onde não houve a veiculação da campanha publicitária em questão. Os pesquisadores supõem que a intervenção teve sucesso porque os anúncios levaram as pessoas a considerar mais profundamente suas próprias crenças.


Querido Dan,
Por que acreditamos que podemos aprender com nossos próprios erros, mas entendemos que o fracasso de outras pessoas está relacionado com suas características e/ou falta de habilidades? Este fenômeno de “via de mão única” foi estudado?
–Darin

Você está descrevendo um comportamento que se enquadra no título do que os psicólogos sociais chamam de "erro fundamental de atribuição". Em geral, tendemos a ver coisas boas que acontecem conosco como mérito nosso e coisas ruins como resultado de circunstâncias externas das quais não temos controle. Por outro lado, tendemos a atribuir coisas boas que acontecem a outras pessoas a circunstâncias externas e coisas ruins ao seu próprio fazer.

Acreditamos que podemos aprender com nossos próprios erros, porque esses erros não são realmente sobre nós. Achamos que envolvem circunstâncias externas que podemos aprender a lidar melhor.

Como podemos aprender a anular esse tipo de julgamento? Recentemente passei bastante tempo no Vale do Silício me encontrando com executivos de startups e capitalistas de risco. Fiquei impressionado com o que muitas vezes acontece quando uma startup quebra: as pessoas no Vale do Silício entendem esse revés de forma muito menos negativa do que o resto do mundo. Os executivos às vezes até olham para o fracasso de seus colegas de maneira positiva, como um sinal de experiência e aprendizado.

Podemos generalizar essa visão do Vale do Silício para o resto do mundo? Não tenho certeza, mas me parece que podemos mudar a maneira como encaramos as falhas de outras pessoas e talvez até limitar a culpa que atribuímos a elas, como já fazemos com os nossos próprios fracassos.


Querido Dan,
Digamos que suas atividades regulares incluam coisas como jogar poker com amigos toda semana ou cuidar do jardim todo fim de semana. Como você decide continuar com essas atividades ou parar e tentar algo novo?
—Joanne

Questionar o valor de nossas rotinas é bom, porque pode nos ajudar a parar de fazer coisas que não gostamos mais. É ruim, no entanto, porque esse questionamento atrapalha a felicidade que a atividade nos proporciona. Então sugiro que você se questione –mas apenas por um curto período de tempo.

A solução seja talvez fazer essa reflexão na última semana de dezembro avaliando quanto prazer você tem fazendo as suas atividades de lazer e considerando o que você poderia fazer em vez disso.

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