Dan Ariely

Professor de economia comportamental e psicologia na Universidade Duke (EUA), autor de “Previsivelmente Irracional”.

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Dan Ariely

Ask Ariely: sobre punições, padrões piedosos e planos dolorosos

Quando se trata de comportamentos repetitivos, recompensas positivas são mais eficazes

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Eu compro em duas mercearias diferentes. Um cobra 5 centavos para cada sacola que eu precisar para colocar minhas compras, enquanto a outra me dá 5 centavos quando trago minha própria sacola. Qual abordagem tem mais chance de reduzir o uso de sacolas?
-Paulo

A pergunta geral que você está levantando é: entre castigo e recompensa, qual é a melhor maneira para nos motivar a mudar nosso comportamento? As punições são muito poderosas para motivar as pessoas a fazer algo que elas só precisam fazer uma vez, como instalar um alarme de fumaça em casa ou vacinar seus filhos.

Mas quando se trata de comportamentos repetitivos, recompensas positivas são mais eficazes. Em um estudo realizado em um hospital de Nova York em 2011, os pesquisadores descobriram que, quando os médicos recebiam feedback positivo para lavar as mãos regularmente, a conformidade com a política de lavagem das mãos do hospital aumentava de 10% para 90%. 

Suspeito que o mesmo princípio se mantenha nessa situação apresentada por você: oferecer recompensa aos compradores por trazerem suas próprias sacolas deve produzir melhores resultados.

Querido Dan,
A religião deveria fazer as pessoas se comportarem melhor, mas sociedades mais religiosas realmente têm menor incidência de crimes e comportamentos desonestos?
-Chade

 

Eu gostaria que fosse assim tão simples. Pesquisas sugerem que a religião pode desempenhar um papel importante na promoção do comportamento ético, mas seus efeitos não são consistentes em todos os aspectos.

Um artigo recente da revista Psychological Science examinou dados de crimes de 1945 a 2010 para mais de 170 países e descobriu que, à medida que a afiliação religiosa diminuía, as taxas de homicídios tendiam a subir –mas apenas em áreas com índices relativamente baixos de QI (quoeficiente de inteligência).

Como essas variáveis estão relacionadas ainda ​​não está claro, mas suspeito que áreas com maior pontuação de QI têm maior probabilidade de ter instituições como escolas e organizações comunitárias que ajudam a promover o comportamento ético. Portanto, embora a religião não seja o único fator, algum tipo de instituição social forte é de importância crucial para conter nossos piores impulsos.


Querido Dan,
Todos sabemos que vamos morrer um dia, mas a maioria das pessoas não faz testamentos dividindo seus bens entre seus entes queridos. Existe uma maneira de motivar as pessoas a levar isso a sério?
Shani

Fazer um testamento nos obriga a pensar em um evento que não queremos imaginar, a tomar decisões complexas com as quais preferimos não lidar e a planejar algo que parece muito distante. Todos esses fatores nos incentivam a procrastinar. Porém, enquanto experimentamos sentimentos dolorosos quando pensamos em nosso testamento, a dor dos nossos entes queridos sobreviventes é muito maior se esse documento não foi feito em vida.

Meu laboratório de pesquisa na Duke trabalha com uma startup chamada GivingDocs que tenta superar esses obstáculos. Antes de iniciar o processo de fazer um testamento, pede as pessoas que pensem no legado que desejam deixar e nas causas com as quais mais se importa.

Em seguida, as ajuda a planejar como o testamento pode ajudar as instituições de caridade que são importantes para elas. Essa abordagem geral, combinando um ato doloroso com resultados distantes –fazer um testamento– com algo que é imediato e significativo –doar para caridade – é uma boa maneira de levar as pessoas a superar sua tendência a procrastinar.

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