Dan Ariely

Professor de economia comportamental e psicologia na Universidade Duke (EUA), autor de “Previsivelmente Irracional”.

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Dan Ariely

Ask Ariely: Brindes desnecessários, usar máscara e como ser racional

Projetar o ambiente certo para nós é a melhor maneira de controlar nossas próprias tendências ruins

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Querido Dan,
Freqüentemente recebo pedidos de doação de organizações sem fins lucrativos pelo correio contendo vários brindes, como etiquetas, blocos de notas e cartões comemorativos. Fico pensando se esses brindes realmente aumentam a chance de contribuição ou se seria melhor um simples pedido de contribuição?
—Ted

Pedidos de contribuições vindo de organizações sem fins lucrativos provavelmente teriam mais retorno se evitarem dar brindes, prêmios e/ou rifas. Esses itens nos incentivam a pensar na doação como uma troca, nos fazendo questionar se um pequeno bloco de notas que ganhamos de brinde vale realmente R$ 150.

O ideal seria que uma organização sem fins lucrativos deveria nos fazer pensar se o futuro bem-estar do planeta vale R$ 150 ou se levar água para populações menos favorecidas vale R$ 150, etc. Ou seja, ao invés de se concentrar em relações transacionais —brindes em troca de doações—, as instituições de caridade se sairiam melhor se conectando com as pessoas através de identidades e valores.


Querido Dan,
Durante uma pandemia, usar máscara em locais públicos é uma maneira fácil de promover o bem comum. O que faz com que algumas pessoas se oponham tão veementemente às máscaras, apesar das evidências científicas a favor do seu uso?
—Wayne

Ao justificarmos nosso comportamento, costumamos dizer que são resultado de uma deliberada e cuidadosa análise de custo benefício. Os opositores ao uso de máscaras podem argumentar que estão defendendo a liberdade individual contra o poder do governo ou que as máscaras não são realmente necessárias para evitar o contágio.

Na realidade, porém, a maneira como nos comportamos é geralmente governada pelo que as pessoas ao nosso redor estão fazendo, especialmente aquelas que percebemos como pertencentes ao nosso próprio grupo social.

Isso significa que se você pertence a um grupo social onde a norma de uso de máscaras não foi estabelecida, é improvável que você se oponha e use uma. Mas se a norma mudar e o uso de máscara for esperado dentro do seu grupo social, a maioria das pessoas desse grupo mudará seu comportamento, independentemente das razões iniciais para o não uso.


Querido Dan,
Como professor em um programa de educação executiva, dou muitos conselhos a meus alunos sobre como evitar maus hábitos e pensamentos tendenciosos. Mas eu descobri que frequentemente sou vítima dessas coisas, embora esteja ciente dos perigos. Você acha que ser um economista comportamental torna mais fácil ser racional?
—Madison

Os preconceitos comportamentais afetam a todos, incluindo aqueles de nós que os estudam. Os preconceitos são como ilusões de ótica: mesmo quando sabemos que o que estamos vendo não é real, não podemos deixar de ver. Em minha experiência, a melhor estratégia é reconhecer que vou me comportar de maneira previsivelmente irracional, a menos que torne mais fácil agir da maneira que desejo.

Por exemplo, quero comer mais vegetais e sei que é mais provável que o faça se os encontrá-los prontos para comer quando abrir a geladeira. Por isso, limpo e preparo com antecedência, para não me dar desculpa para comer algo rápido e não saudável. Da mesma forma, sei que é mais provável que eu saia para uma corrida matinal se marcar um encontro com um amigo. Projetar o ambiente certo para nós é a melhor maneira de controlar nossas próprias tendências ruins.

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