Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey

O fascismo italiano

Não há dúvida de que o fascismo/populismo depende do pecado do ódio

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O fascismo é uma condição humana; logo, não chega a surpreender que a Itália tenha votado a favor dele. É mais surpreendente que a Suécia o tenha feito, com 20% dos votos em seu pleito mais recente.

Mas vosso país e o meu têm aproximadamente a mesma porcentagem de fascistas naturais. Nos EUA, temos assistido a ondas repetidas de ódio contra pretos, imigrantes, comunistas, gays. O vento que agita as ondas vem de políticos que estão apavorando os 20%. Giorgia Meloni diz, como dizem os racistas americanos, que os italianos natos estão sendo "substituídos" por africanos, sírios e ciganos. Querendo provocar terror.

Giorgia Meloni, que foi eleita primeira-ministra da Itália no domingo - Guglielmo Mangiapane/Reuters

As pessoas têm receio de chamar alguém de "fascista". Em vez disso, chamamos a pessoa de "populista". As pessoas aparentemente pensam que só é justo utilizar o termo "fascista" se políticas fascistas chegam a ser implementadas de fato. Os generais no Brasil. O lema de Mussolini aplicado: "Tudo dentro do Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado". Hitler fez isso nos meses seguintes aos conservadores terem-no elevado insensatamente ao cargo de chanceler da Alemanha.

Mas então já era tarde demais. Ter melindres não barra o fascismo antes de ele acontecer. Por outro lado, há um receio semelhante em caracterizar alguém como "comunista".

O colunista Paul Krugman se aborrece quando alguém o identifica como socialista. No entanto, não há sombra de dúvida de que seu entusiasmo por aquilo que os economistas chamam de "políticas públicas" recomenda, de fato, uma socialização sempre crescente da economia. O comunismo/socialismo depende de suscitar inveja. Vamos lá, Paul, reconheça que você está ventando em cima de um pecado humano para criar ondas.

E não há a menor sombra de dúvida de que o fascismo/populismo depende do pecado do ódio.
Na Alemanha, em 1933, os judeus eram apenas 1% da população e estavam profundamente integrados à vida dos gentios. Mas Hitler e seus amigos aterrorizaram os alemães, dizendo a eles que uma conspiração secreta desse grupinho era um câncer. O grupo odiado não precisa necessariamente ser pequeno. No Irã, as mulheres são 51% da população. E alguns homens morrem de medo de elas atearem fogo a seus véus.

O terror provocado por políticos conduz ao ódio irracional.

O problema é eleger de modo infantil, impensado: "Vamos nessa, vamos experimentar tal pessoa", como se o que se estivesse experimentando fosse um novo sabor de sorvete. Brasileiros, eu vos imploro, mostrem no domingo que vocês são éticos e adultos. Nada de ódio, nada de inveja. Nada de terror. Nada de fascismo.

Tradução de Clara Allain

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