Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Imagens de satélite mostram filas de carros deixando a Rússia rumo a Geórgia e Mongólia

Kremlin admite erros em mobilização anunciada por Putin, mas não descarta possibilidade de fechar fronteiras

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São Paulo

Anunciada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, na última quarta-feira (21), a mobilização parcial de reservistas para a Guerra da Ucrânia gerou uma espécie de êxodo de civis elegíveis ao serviço militar.

Imagens de satélite registradas no último domingo (25) mostram filas quilométricas de russos deixando o país, nas fronteiras russas com Mongólia e Geórgia.

Imagem de satélite da empresa americana Maxar mostra fila de carros na fronteira da Rússia com a Mongólia - Maxar Technologies - 23.set.22/via Reuters

As imagens foram capturadas pela Maxar, empresa americana de tecnologia aeroespacial, e indicam a movimentação de dezenas de milhares de pessoas deixando a Rússia.

Países vizinhos vêm registrando, desde a semana passada, um aumento na entrada de cidadãos russos. Aliado de Moscou, o governo do Cazaquistão relatou nesta terça-feira (27) a travessia de 98 mil russos nos últimos seis dias.

O mesmo ocorre na Geórgia, que, segundo o Ministério do Interior, passou a receber 10 mil russos por dia —eram de 5.000 a 6.000 no início da guerra. O governo, mais alinhado ao Ocidente na crise atual, não divulgou dados oficiais anteriores à invasão da Ucrânia.

Autoridades da Ossétia do Norte, porém, anunciaram a criação de um posto militar de mobilização para recrutar reservistas que tentarem a evasão. O território é um encrave separatista russo, separado da Geórgia desde a guerra ocorrida em 2008.

O fluxo acentuado nesses países pode ser atribuído ao fato de que cidadãos russos não precisam de vistos para cruzar a fronteira.

O Kremlin não previa essa espécie de diáspora, e o Ministério do Interior propôs, em resposta, limitar o tempo de estadia no Cazaquistão sem passaporte a no máximo três meses —atualmente, basta apresentar um documento russo para receber a permissão.

O presidente cazaque, Kassim-Jomart Tokaiev, aliado que se distanciou de Putin ao longo da guerra, disse que seu país protegerá os russos que fogem para escapar do alistamento. "A maioria foi obrigada a partir porque não tinha outra saída", disse ele, segundo relato de agências de notícias russas. "Devemos cuidar deles, garantir sua segurança."

Relatos dos serviços de segurança russos publicados em jornais locais como o RBC afirmam que veículos blindados foram enviados para as fronteiras e que homens que aguardavam para cruzar para países vizinhos receberam papeis de convocação para alistamento.

Além das nações vizinhas, a União Europeia também assiste ao aumento do fluxo de russos cruzando suas fronteiras. Na semana encerrada no último domingo (25), cerca de 66 mil cidadãos russos entraram em nações do bloco europeu —cifra 30% superior à registrada na semana anterior—, segundo dados divulgados pela Frontex, a agência europeia de fronteiras.

A maior parte do contingente imigrou com vistos de residência ou dupla cidadania, mas a agência diz temer que, se Moscou eventualmente decidir impedir que potenciais recrutas deixem o país, um salto de imigrações ilegais possa ocorrer.

No último dia 19, Polônia, Lituânia, Estônia e Letônia fecharam suas fronteiras para turistas russos. Também há receio de que outras nações, como Finlândia —que recebeu 30 mil russos apenas nos últimos quatro dias—, decidam adotar medida semelhante diante das altas cifras de migração.

Nesta segunda (26), o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, admitiu a ocorrência de erros na convocação de reservistas. Relatos da própria mídia russa apontam para a chamada de idosos ou homens sem condição clínica, fora dos padrões listados pelo governo.

"De fato, há casos em que o decreto foi violado. Em algumas regiões, os governadores estão trabalhando ativamente para corrigir essa situação", disse ele.

Com Reuters e AFP

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