No último dia 20 de novembro, foi dito que o ministro conservador britânico da área financeira ia "relançar a política industrial" do país.
Oh, meu Deus! Quando é que eles vão aprender? O ministro em questão, Jeremy Hunt, que estudou política, filosofia e um pouco de economia em Oxford, é sem dúvida um ótimo sujeito, fluente nos ensaios semanais sobre Platão e um pouco de Keynes apresentados a seu professor no Magdalen College de Oxford.
Mas seria uma insensatez supor que Hunt tem a informação necessária para questionar empresários e os mercados com os quais eles interagem.
E, na verdade, ninguém tem essas informações, nem sequer o ex-economista chefe do Banco da Inglaterra, que deve dar assessoria a Hunt.
Quando a falecida rainha Elizabeth 2ª visitou a London School of Economics após o crash de 2008, perguntou em tom de queixa por que os economistas peritos não previram o que aconteceria.
A resposta correta é que nem mesmo um economista pode prever o futuro tão bem que o capacite a guiar a "política industrial", a "política de inovação" ou qualquer "política pública" que não seja a de "não criar obstáculos e implementar as leis contra a força e a fraude".
Se uma expert fosse tão inteligente assim, seria rica. Se você pudesse prever os rumos que a Bolsa de Valores brasileira seguiria no mês seguinte, poderia ganhar uma fortuna sem limites. Se eu soubesse quais terrenos em Chicago serão valorizados acima das expectativas do mercado, também enriqueceria. Se os "criadores de políticas públicas" brasileiros soubessem o que estavam fazendo, por que nos diriam? Por que não renunciariam a seus cargos e investiriam?
Sim, eu sei: como os congressistas americanos, eles têm um histórico de não renunciar a seus cargos, mas fazer uma pequena fortuna com a exploração de informações privilegiadas ou recebendo propinas.
Mas estou falando em dinheiro de verdade aqui, bilhões. Algumas pessoas ganham bilhões dando o palpite acertado. Mas não existe fórmula que um diplomado em política, filosofia e economia em Oxford possa usar. Ninguém pode prever mecanicamente qual cor de roupa estará na moda dentro de 20 anos ou qual indústria deveria expandir no próximo ano.
A política econômica, tão promovida em seu país e no meu quanto é no Reino Unido, é como conduzir um carro a 100 km/h no meio de uma multidão de pessoas, com neblina espessa, volante que não responde confiavelmente e instrumentos no painel que muitas vezes dão informações erradas. O que fazer?
Aja como um adulto responsável. Pare o carro.
Tradução de Clara Allain
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