Da morte da rainha ao caos econômico, como foram os 44 dias de Liz Truss

Sucessora de Boris Johnson renuncia e se torna a primeira-ministra com menos tempo no cargo no Reino Unido

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Foram só 44 dias de Liz Truss na liderança do Reino Unido, mas o curto mandato —que se estenderá até a escolha de um sucessor, na semana que vem— foi tão agitado que poderia corresponder a anos de governo.

A morte da rainha Elizabeth 2ª, um plano econômico fortemente rejeitado pelo mercado e a renúncia de dois ministros-chave foram alguns dos acontecimentos enfrentados pela sucessora de Boris Johnson antes de anunciar sua renúncia, nesta quinta-feira (20).

Relembre os principais momentos.

Liz Truss, ao anunciar sua renúncia, na porta da sede do governo britânico, em Londres - Henry Nicholls - 20.out.22/Reuters

5 DE SETEMBRO

Truss é eleita líder do Partido Conservador, com 81 mil votos de membros da sigla. Ela venceu o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak, tornando-se a terceira mulher a liderar o Reino Unido e o quarto nome da legenda a chefiar o governo em seis anos.

6 DE SETEMBRO

Truss toma posse após ser nomeada formalmente pela rainha Elizabeth 2ª na Escócia. A composição de seu gabinete chamou a atenção, por não contar com homens brancos nos quatro principais cargos —vice-primeira-ministra e titulares das Relações Exteriores, das Finanças e do Interior. A primeira reunião se deu no dia seguinte.

8 DE SETEMBRO

Dois dias após assumir, a primeira-ministra toma medidas contra a crise energética, anunciando o congelamento dos preços da energia por dois anos para as famílias. Além disso, empresas, escolas e hospitais deveriam receber um auxílio.

O anúncio acaba ofuscado, porém, pela morte da rainha Elizabeth 2ª, confirmada momentos depois. Seguiu-se uma extensa agenda para honrar a memória da soberana, com eventos se estendendo por duas semanas e praticamente parando o Reino Unido. Truss acompanharia o rei Charles 3º em várias ocasiões e falaria em outras.

19 DE SETEMBRO

A primeira-ministra é uma das autoridades a discursar na cerimônia de funeral e enterro da rainha. Os eventos fúnebres, segundo a imprensa britânica, foram os mais caros já bancados pelo Estado —em um momento de alta no custo de vida e inflação de 10%, a maior do Reino Unido em quatro décadas.

23 DE SETEMBRO

Passado o período de luto oficial, o então ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, anuncia cortes históricos de impostos e aumento em empréstimos. O miniorçamento derrubaria os mercados e os títulos do governo britânico, e a libra cairia para o menor patamar em 37 anos em relação ao dólar. Em poucos dias o Banco da Inglaterra faria uma intervenção de emergência para salvar os fundos de pensão.

29 DE SETEMBRO

Truss defende seus cortes de impostos, dizendo que é o plano certo para o Reino Unido e que o governo está trabalhando em estreita colaboração com o Banco da Inglaterra. Dois dias depois, o país assiste a grandes protestos contra a inflação.

5 DE OUTUBRO

A primeira-ministra volta a defender seus planos de crescimento na conferência anual do Partido Conservador. As taxas de juros imobiliários excedem 6% pela primeira vez desde 2008, e mesmo o Fundo Monetário Internacional (FMI) faz críticas à condução econômica.

12 DE OUTUBRO

Truss reitera a promessa de não cortar gastos públicos durante uma sessão de perguntas no Parlamento, mas enfrenta crescentes pedidos de dentro do Partido Conservador para voltar atrás em seu plano econômico.

14 DE OUTUBRO

Com a crise se consolidando em seu governo, Truss demite o ministro das Finanças e nomeia Jeremy Hunt, ex-ministro de Relações Exteriores e Saúde, que havia apoiado Rishi Sunak na campanha, para o cargo. Também anuncia um aumento de impostos para empresas, uma reviravolta em seu plano fiscal.

17 DE OUTUBRO

A primeira-ministra pede desculpas por erros que levaram ao caos no mercado, mas diz que não renunciaria. "Fui eleita para trabalhar por esse país. E é isso que estou determinada a fazer", afirmou à rede BBC. A essa altura, ela já tinha perdido a confiança de boa parte dos deputados de seu Partido Conservador.

19 DE OUTUBRO

Com seu governo à beira do colapso, Truss perde mais um nome de peso de seu governo. Suella Braverman, que chefiava a importante pasta do Interior, renuncia sob uma justificativa técnica: disse que violou regras do funcionalismo ao enviar documentos oficiais usando um perfil pessoal de email.

20 DE OUTUBRO

Depois de semanas de fritura, da recepção catastrófica aos seus planos para a economia e da cisão no seu partido, Truss renuncia ao cargo. "Dadas as circunstâncias, não serei capaz de cumprir as promessas em nome das quais fui eleita pelo Partido Conservador."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.