Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey

A liberdade é a herança genética humana

Ela leva à ordem espontânea, geralmente muito boa; a economia também o faz

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Muita coisa que nós, humanos, fazemos requer um líder. Uma família, um time de futebol, uma empresa.

Os cidadãos americanos têm menos problemas do que as pessoas que vivem em sociedades mais hierárquicas, como o Reino Unido ou a Itália, para escolher um líder temporário para um pequeno trabalho: um "zagueiro", como é chamada uma das posições no futebol americano, ou "a cozinha dela", quando as mulheres cooperam para fazer uma refeição.

Mas exageramos a importância dos líderes.

Olhando para trás, para os pequenos grupos de caçadores-coletores nos quais evoluímos durante centenas de milhares de anos, imaginamos erroneamente que um macho alfa comandasse aquele show. Não.

Ilustração mostra silhueta de touro ao centro. Acima dele, uma nave espacial, ao redor, desenhos como figuras humanas rupestres, mãos e cabeças humanas.
Ricardo Cammarota

A liberdade é a herança genética humana. Sair do grupo foi muito fácil, pegar uma pedra para atirar contra um pretenso tirano também foi muito fácil, cooperação entre as mulheres contra a dominação masculina, muito fácil para deixar o Querido Líder vencer.

É verdade que nós também o adoramos. Esse é o outro instinto autoritário do ser humano, em confronto com a liberdade.

De modo assustador, Donald Trump recentemente elogiou como "fortes e muito inteligentes" seus bons amigos Vladimir Putin, Xi Jinping e Kim Jong-un.

O diagnóstico psicológico aqui tem que ser a projeção de sua psicopática falta de simpatia humana e a frustração pelo fracasso em estabelecer o fascismo nos Estados Unidos.

Vinte e cinco por cento ou mais do eleitorado dos EUA ainda o apoiam, o suficiente no Partido Republicano para vencer em nosso terrível sistema de eleições "primárias". Aguarde para ver Donald candidato em 2024. Se os elogios a alguns dos piores tiranos, que dominam entre um terço e metade da humanidade, não o impedirem, os 25% sempre votarão nele.

Em todos os países, incluindo o Brasil, parece que cerca de um em cada quatro habitantes são os próprios fascistas de Deus. Felizmente, no restante de nós, prevalece o instinto de liberdade do caçador-coletor.

No entanto, como podemos fazer as coisas sem um líder? Por um lado, podemos fazê-las com um líder decididamente temporário, democraticamente escolhido, mas constitucionalmente restrito. Observe, no entanto, que muito do que fazemos não requer liderança nenhuma.

A língua portuguesa não tem patrão. Você escolhe sua música, sua leitura, seus amigos e, hoje em dia, até mesmo seus cônjuges sem intervenção do Estado ou dos mais velhos.

A liberdade leva à ordem espontânea, geralmente muito boa. A economia também o faz —e deveria mais.

Tradução de Luiz Roberto Gonçalves

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