Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey
Descrição de chapéu Banco Central

O Estado não pode conduzir uma economia

É preciso criar um adesivo para o para-choque: 'Separação entre economia e Estado'

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Você já deve ter ouvido falar que os bancos centrais pretendem aumentar a taxa de juros para "combater a inflação, mas não causar uma recessão".

Eu já lhe disse por que é uma missão tola.

A taxa é definida da mesma forma como são definidos os preços mundiais do café, do milho ou do ferro —pela oferta e demanda. Os bancos centrais não têm um controle maior sobre a taxa de juros do que aquele que o Brasil tem sobre o preço do café.

De qualquer forma, aumentar a taxa de juros não tem nada a ver com inflação. Imprimir dinheiro sim —como os brasileiros aprenderam em 1990. Os formuladores de políticas não sabem.

Hoje, porém, tenho um ponto mais radical. Exceto quando for utilizada para prevenir violência ou fraudes, qualquer política que vise coagir as pessoas a fazerem o que elas não fazem espontaneamente é estúpida e perversa. Por exemplo: os bancos centrais e seus Estados devem abandonar totalmente o negócio de dirigir a economia. Um adesivo de para-choque: "Separação entre economia e Estado".

O Estado não pode conduzir uma economia.

Sede do Banco Central, em Brasília - Lúcio Távora - 23.mar.23/Xinhua

É verdade que pode arruiná-la facilmente ao, por exemplo, adotar uma proteção maciça contra importações ou estabelecer uma idade compulsória de aposentadoria absurdamente baixa ou enviar escravos para conquistar homens livres. O Brasil costumava fazer o primeiro. A França faz o segundo. Putin acabou de fazer o terceiro. A demolição dá às pessoas a ideia de que deve haver uma boa "não demolição" em algum lugar. Imaginar que "nós" podemos definir a taxa de juros, digamos. Não. É demolição de alto a baixo.

As razões são muitas. Você ouvirá economistas afirmarem que a economia privada tem "imperfeições" que o Estado pode reparar. Mas as imperfeições nunca são medidas cientificamente. E é uma loucura a noção de que um Estado ignorante, corrupto e acostumado a se mover por hábitos poderia repará-las. Os políticos não são todos maus. Nem todos os economistas são anticientíficos. Os cidadãos não são todos tolos. Mas muitos deles são maus, tolos não científicos que, quando recorrem à política e ao Estado para resolver problemas, veem que eles não funcionam muito bem.

De qualquer maneira, qual é a ética? Devemos nos tornar filhos perpétuos do Estado?
Você está dirigindo um carro através de uma névoa muito densa. O volante não funciona bem. Os instrumentos mentem. Os freios não são confiáveis. O que fazer?

Pare de tentar dirigi-lo. Puxe o freio de emergência. Saia do banco do motorista antes que você mate todos nós.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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