Sobre a Guerra da Ucrânia, Lula declarou recentemente: "Os Estados Unidos precisam parar de encorajar a guerra e começar a falar em paz".
Oh, céus! Os ucranianos abastecidos por seus aliados não devem derrotar a maior ameaça à democracia liberal desde a queda do comunismo. Eles devem pedir "paz", disse Lula. Oh, céus!
Isso já aconteceu antes na história do Brasil. Na Segunda Guerra Mundial, contra o Eixo fascista, o Brasil hesitou. Finalmente, em 1942, depois que submarinos alemães começaram a matar marinheiros brasileiros, o país declarou guerra à Alemanha.
Na verdade, foi o único país latino-americano a enviar soldados, lutando com sucesso na Itália. Mas não declarou guerra ao Japão até o final, em 1945.
A política interna trabalhou contra a escolha do Brasil pelo bem em vez do mal. A Ação Integralista Brasileira foi inspirada num estatismo português que combinava nacionalismo e catolicismo —e, agora, no nacionalismo de Bolsonaro e o protestantismo evangélico, e no nacionalismo de Putin e a ortodoxia russa.
Os Estados Unidos, na época, com minorias igualmente grandes de pessoas de origem alemã e italiana, tiveram hesitações semelhantes. Afinal, os Estados Unidos não se juntaram à guerra feroz desde setembro de 1939. Entraram após terem sido atacados pelo Japão, em 7 de dezembro de 1941.
Dois dias depois, os alemães, seguindo seus tratados firmados com o Japão, declararam guerra aos Estados Unidos, resolvendo a questão. Foi por pouco.
Os Estados Unidos, com suas próprias tendências fascistas, como no sul, com segregação legal de negros e brancos, e nativismo contra imigrantes em todos os lugares, não seriam inevitavelmente "o arsenal da democracia". O movimento America First, revivido agora por Donald Trump, impediu o presidente Roosevelt de uma ação militar direta até ele ter sido forçado a isso.
A "paz" que Lula quer deixaria os russos com 11% do território da Ucrânia. Seria como se o Paraguai invadisse o Brasil e tomasse, digamos, parte de Mato Grosso do Sul.
Ah, quer dizer que isso aconteceu, em 14 de dezembro de 1864? Bem, é uma parte da questão. Se as apropriações de terras feitas por Putin em 2022 forem recebidas com indiferença, como foram a tomada da Crimeia em 2014 e seus "homenzinhos verdes" no Donbass, nenhuma fronteira está segura. Taiwan será a próxima.
Mas o outro ponto é maior. A visão de Vladimir Putin para o futuro, assim como a de Xi Jinping, é a de George Orwell em "1984". Os ucranianos estão lutando por um futuro de democracia liberal.
Brasileiros, juntem-se a eles.
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
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