Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey

O pânico da inteligência artificial é loucura

Tanto as flechas quanto os carros podem sair do controle e nos levar à extinção

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Talvez não no Brasil, mas nos Estados Unidos estamos enlouquecendo com a inteligência artificial. Nosso Congresso pode agir para regulamentar, o que é sempre um sinal preocupante de um ataque de pânico.

A inteligência artificial é a capacidade de um computador com robô fazer coisas comumente associadas a seres inteligentes, como nós. A ficção científica é que a IA vai nos dominar. Centenas de líderes da tecnologia assinaram recentemente uma carta declarando que "Mitigar o risco de extinção pela IA deve ser uma prioridade global, juntamente com outros riscos de escala social, como pandemias e guerra nuclear".

Logos do Google, Microsoft e Alphabet são exibidos em ilustração, na frente de uma estátua de robô - Dado Ruvic/Reuters

Esse pânico é loucura. Fazer coisas comumente associadas a seres inteligentes é, afinal, o que a cultura humana tem feito desde o início. O filósofo Alfred North Whitehead observou em 1911 que "a civilização avança ampliando o número de operações importantes que podemos realizar sem pensar nelas". Correto.

O arco e flecha, por exemplo, é um "computador com robô" para lançar uma pequena lança chamada flecha sem pensar muito. Ele se encarrega de parte da mira que um humano normalmente faria para arremessar uma lança. Os primeiros computadores de cartão perfurado para fazer tapetes na Bélgica eram robôs controlados por computador, tornando desnecessário para o ser humano pensar em que cor de trama devia lançar através da urdidura. Todas as ferramentas físicas fazem trabalhos comumente associados a humanos. Os mecanismos para, digamos, dirigir são esses computadores.

Você pode argumentar, corretamente, que tanto as flechas quanto os carros, embora presumivelmente não os tapetes, podem sair do controle e nos levar à extinção. Mas é claro que isso é verdadeiro sobre muitas novidades —por exemplo, as bombas atômicas às quais os aterrorizados líderes tecnológicos estavam se referindo. Ou navios de guerra usando o vento para tornar desnecessário remar com cuidado e facilitar a sangrenta guerra naval.

E pense além das ferramentas físicas. A música, a culinária, a economia brasileira evoluem de forma imprevisível, para o bem ou para o mal. A língua portuguesa é uma ferramenta não física, de fabricação humana, embora não de projeto humano. A antiga piada humanista é: "Falamos a língua... ou a língua nos fala?"

A linguagem é, de fato, provavelmente a máquina de inteligência artificial mais perigosa de todos os tempos.

Por exemplo, os líderes da tecnologia podem usar linguagem assustadora para nos deixar loucos.
Adotar uma regulamentação estatal da linguagem... hem? Não.

Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves

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