Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey

Hoje vemos 'problemas sociais' por toda parte

Na visão liberal do séc. 18, o 'Grande Problema' era a hierarquia tradicional herdada

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A expressão "problema social" não teria sentido para as pessoas antes da era moderna liberal ou estatista.
Nos anos 1700 e antes, se você tivesse um problema, como pobreza, escravidão ou poluição, a resposta que receberia seria: "Do que você está reclamando? Se você for uma pessoa boa, mesmo pobre, terá uma vida infinita no céu. Então carregue a sua cruz".

Entretanto, nos últimos dois séculos, o "problema social" explodiu. Hoje vemos problemas sociais por toda parte. A ruptura da família. O mau comportamento dos jovens. O último furacão.

Um dos primeiros problemas sociais a chamar a atenção, tanto no seu país como no meu, foi a escravatura.

Anteriormente, ninguém pensava na escravatura, enquanto sistema, como um "problema". Se você fosse escravizado, o problema era seu, aquele era o destino dado por Deus. Muito ruim. Mas o sistema em si não era criticado. Afinal, como poderemos ter luxos se não tivermos escravos para fornecê-los?

navio negreiro
Planta de navio negreiro, que trazia pessoas da África para escravizar na América - Divulgação

O terceiro presidente norte-americano, Thomas Jefferson (1743-1826), famoso por ter feito a declaração de que "Todos os homens são criados iguais", manteve ele mesmo seus escravos, incluindo seus próprios filhos com uma escrava, mesmo após a sua morte. O presidente dizia que odiava aquele sistema. Mas ele queria os seus vinhos franceses, e de que outra maneira poderia consegui-los?

Ah, Tom...

Eu disse que isso mudou em nossa "era liberal ou estatista".

Na visão liberal existente no século 18, o "Grande Problema" era a hierarquia tradicional herdada. A velha regra era "Os reis sempre ganham e as mulheres sempre perdem". Qualquer tipo de liberal no sentido europeu quer derrubar essa regra e substituí-la por uma regra de igualdade entre todos os homens —e mulheres, querido Tom.

A maneira de conseguir chegar a isso é retirando os reis do caminho. Dê permissão para as pessoas, uma igualdade de permissão, deixando uma mulher participar da disputa para se tornar, digamos, piloto de avião.

Como Moisés e Arão disseram ao faraó sobre os judeus escravizados: "Deixe o meu povo ir".

O estatista moderno e esclarecido desde o século 18, em contraste, não quer igualdade de permissão. Ele anseia por fazer com que todos comecem a partir da mesma linha na corrida da vida, ou mesmo que todos alcancem a linha de chegada ao mesmo tempo.

Oh-oh...

Ao contrário da igualdade de permissão, nenhuma das duas opções é possível.


Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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