A julgar pelo entusiasmo de seus defensores-raiz, a comissão parlamentar que tratará dos atos de 8 de janeiro tem tudo para virar um circo. Em princípio, esse pessoal não tem nada a perder e vai jogar baixo. O governo, por sua vez, além de ter uma base de fidelidade questionável, tem sido mestre na arte de se embananar.
Caberá à tropa governista não deixar prevalecer a versão de que houve uma armação petista para Lula posar de vítima e sair como herói da resistência.
O plácido passeio de homens do Gabinete de Segurança Institucional pelos corredores do Palácio enquanto o quebra-quebra comia solto não elimina o fato: a selvageria foi obra de bolsonaristas juramentados que, na cena, assumiram a autoria do crime. Portanto, não há que se dar azo a fantasmas ao meio-dia.
Posto assim, parece fácil, mas não é. A coisa assumiu a feição de virada por dois motivos: 1 - o Planalto fez carga contra a CPMI sem levar em conta que não tinha bala para tal; e 2 - tentou interditar a íntegra das imagens da invasão por cinco anos.
Com isso deu margem ao falso relato sobre culpas, quando o correto é falarmos a respeito de responsabilidades, separando ação de omissão. A culpa pelo terror golpista é de adeptos do ex-presidente Bolsonaro. A responsabilidade por não impedir é dos governos local (DF) e federal.
Dessa carga o Planalto procurou se livrar de modo equivocado e, por isso, paga agora o preço da volta de um cipó de aroeira num ambiente em que a oposição é rude, e a situação, desorganizada.
Sobre executores, mandantes, incentivadores e colaboradores da tentativa de golpe, as investigações em andamento todo dia revelam algo. Novidade, se houver, virá da inação de autoridades federais. Manda o bom senso e reza o lugar-comum que atinem para o benefício detergente da luz do sol e estabeleçam compromisso inquebrantável com a transparência.
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