Dora Kramer

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Vanguarda do atraso

Lula deve mirar Boric: direita já percebeu a avenida aberta adiante

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Dora Kramer

Jornalista e comentarista de política

O chileno Gabriel Boric errou ao embarcar na canoa do entusiasmo esquerdista de tentar impor suas pautas na proposta de nova Constituição. O presidente foi derrotado no referendo de setembro passado, e oito meses depois a extrema direita ganhou maioria e poder de veto no conselho constituinte.

O que isso tem a ver com a política brasileira na forma como vem andando nossa claudicante carruagem? Pode vir a ter muito se o governo insistir em manter o pisca-pisca ligado à esquerda. Mas a referência pode se mostrar indevida caso Luiz Inácio da Silva se renda às evidências.

Os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro bilateral em Brasília - Evaristo Sá - 2.jan.23/AFP - AFP

A principal delas é que o presidente está conseguindo, como Boric, o efeito contrário. Faz de Arthur Lira porta-voz do avanço enquanto se coloca involuntariamente no contraponto como arauto do atraso. A cena está fora de esquadro.

Político de identificação conservadora no comando de um colegiado do mesmo perfil, o presidente da Câmara se posta na condição de barreira a "retrocessos". Um progressista, pois. Já Lula se ocupa de uma agenda regressiva ao tentar desconstruir o que foi bem construído.

No lugar de andar para a frente, Lula prefere olhar para trás. Por que perder tempo em espremer até o bagaço a laranja de Bolsonaro que, sozinha, vai cair do galho? Por que rever atos legalmente perfeitos do Parlamento? Por que atuar contra normas de boas condutas nas estatais?

Lula radicaliza de um lado, afasta o centro essencial na eleição dele e dá espaço para que os tipos desmoralizados no 8 de janeiro radicalizem de outro.

A direita civilizada, por assim dizer, já percebeu a avenida aberta adiante e se anima a transitar por ela, desistindo de aderir ao presidente como ocorrido nos mandatos anteriores do petista.

Sem correção no rumo não há distribuição de emendas nem boa vontade do Supremo que dê jeito. Disso darão notícia as urnas de 2024.

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