Dora Kramer

Jornalista e comentarista de política

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Descrição de chapéu Governo Lula

Diversidade desce a rampa

Lula veste o santo do centrão e põe a nu o descaso com o critério inicial da igualdade

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A representação da diversidade nacional que subiu a rampa na cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio da Silva não acompanhou o critério da recente mexida no primeiro escalão que, convenhamos, a rigor não se pode chamar de reforma.

Na acepção da palavra, reformar significa mudança para melhorar algo de cujo conteúdo algum mal precisa ser extirpado. Não foi o que aconteceu, a menos que Lula tenha detectado malefício imperdoável na presença de Ana Moser no comando do Ministério do Esporte e visto na falta de uma pasta para tratar das pequenas empresas grave entrave aos trabalhos governamentais.

O ministro Alexandre Padilha, da articulação política, entre os novos ministros André Fufuca (à esq.) e Silvio Costa Filho (à dir.) - Ricardo Stuckert/Divulgação

A expectativa da conquista (incerta) de votos no Congresso norteou as alterações. Atendeu-se parcialmente ao desígnio do centrão e se abriu fissura no princípio da igualdade, da amplitude e da união da frente que impediu a reeleição de Jair Bolsonaro.

A cena inicial do 1º de janeiro vai se desfazendo e, com ela, brechas na unidade em torno de Lula vão sendo abertas a críticas com as quais ele não está acostumado. Tampouco lida bem quando oriundas de seu campo tradicional de apoio.

Muito do que Lula faz divide a sua base: indicação de Cristiano Zanin para o Supremo Tribunal Federal, os modos e meios de atração da direita e arroubos personalistas na tentativa de conter insatisfações. Aqui se inscrevem homenagens a ditaduras, a defesa de sigilo nos votos do STF, a sanha vingativa contra o Ministério Público e outros tantos escorregões retóricos.

O santo de casa, o PT, não foi convocado a contribuir no milagre da transformação: manteve intactos seus 11 ministérios. Ao centro desagradou-se Márcio França, o artífice da aliança com Geraldo Alckmin.

Nessa toada, é de se perguntar o que seria da foto da inclusão se o centrão se interessasse pelas pastas dos Povos Originários, da Mulher, dos Direitos Humanos ou da Igualdade Racial.

Exercício apenas hipotético porque nenhuma delas fura poço.

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