Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Edgard Alves

Brasil inicia desenho da delegação para os Jogos Olímpicos de Tóquio

Até o final deste ano, Mundiais de outros 5 esportes oferecerão vagas para a Olimpíada

Martine Grael e Kahena Kunze no Mundial da Dinamarca
Martine Grael e Kahena Kunze no Mundial da Dinamarca - Pedro Martinez/Sailing Energy
São Paulo

O desenho da delegação do Brasil para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 já tem os primeiros traços. Começou com a classificação da equipe feminina de futebol, em abril. A vela, o esporte com maior número de medalhas de ouro conquistadas por brasileiros em Olimpíadas, acaba de iniciar sua escalada.

Conquistou vagas com três barcos no Mundial de Aarhus, na Dinamarca, válido como o seu primeiro pré-olímpico do ciclo, que contemplou todas as classes. A equipe de vela terá oportunidades nas sete classes restantes nos Mundiais de 2019, específicos de cada uma delas, e em eventos continentais. As classificações foram obtidas na 49erFX (com Martine Grael e Kahena Kunze), na Nacra 17 (com Samuel Albrecht e Gabriela Nicolino) e na Laser (com João Pedro Souto).

Até o final deste ano, Mundiais de outros cinco esportes --tiro esportivo, ginástica rítmica, esportes equestres (saltos, adestramento e concurso completo de equitação), basquete feminino e ginástica artística-- também oferecerão vagas para a Olimpíada no Japão, segundo reportagem de Marcelo Laguna nesta Folha.

O vôlei tem Mundiais no feminino e no masculino, a partir de setembro, mas eles não classificarão para os Jogos-2020. No basquete feminino, o Brasil está fora do Mundial, pois não garantiu vaga.

A corrida olímpica começa a ganhar fôlego nesta temporada, que conta  ainda com competições cujos resultados alimentam rankings. Estes, por sua vez, selecionarão atletas para os Jogos. A luta pelas vagas esquentará mais no ano que vem. No Pan de Lima-2019, no Peru, por exemplo, dos 39 esportes do programa, 22 servirão de classificatórios das Américas para Tóquio.

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) estima que a delegação nacional contará com cerca de 250 atletas. Esportes tradicionais como atletismo, vôlei, judô e boxe, entre outros, certamente estarão representados. Entretanto, várias modalidades sem tradição olímpica no país estão sendo alvo dos olhares dos torcedores. Por quê?

A participação brasileira nos Jogos tem apresentado surpresas. E o sucesso empolga. Experiência desse tipo, o Brasil registrou com a canoagem velocidade, esporte no qual o país nunca tinha ido ao pódio olímpico. O canoísta baiano Isaquias Queiroz quebrou a rotina no Rio e ainda se converteu no primeiro brasileiro a ganhar três medalhas em uma Olimpíada. Conquistou prata nas provas individual (C1) e em dupla (C2, com Erlon Souza) dos 1.000 m, além de bronze nos 200 m.

Outra mostra semelhante no Rio aconteceu no salto com vara, masculino. Thiago Braz não só surpreendeu com a conquista da medalha de ouro, como cravou o novo recorde olímpico da prova, ultrapassando o sarrafo a 6,03 m.  Nesta temporada, ele não tem conseguido bons resultados, mas isso já era esperado. Para o ciclo até Tóquio-2020, o programa da preparação de Braz não contempla fase inicial com resultados expressivos, deixando o aprimoramento para as etapas seguintes.

Há até a possibilidade da tentativa de superação pelo brasileiro do recorde mundial do francês Renaud Lavillenie, de 6,16 m, estabelecido em 2014. A ideia é saltar 6,20 m, no ano que vem. Com essa meta, Braz deverá passar a utilizar uma vara maior a partir da próxima temporada.

Surfe e skate, novas modalidades na grade do evento no Japão, são áreas nas quais atletas brasileiros despontam entre as principais estrelas mundiais. Portanto, as chances de obtenção de vagas nessas especialidades são imensas, bem como a da conquista de medalhas em Tóquio.

No tênis de mesa, Hugo Calderano conseguiu uma proeza ao entrar para o grupo dos 10 mais destacados do ranking da modalidade. É atleta de alto nível, com potencial para evoluir.

Quem já ouviu falar em badminton? Certamente poucos. É um esporte semelhante ao tênis, jogado com raquetes e com a quadra dividida por uma rede. Em vez de bola, usa uma espécie de peteca, que pode atingir mais de 200 km/h.  Nessa modalidade, um brasileiro que vem obtendo bons resultados. Trata-se de Ygor Coelho, de 21 anos.

Recentemente, no Mundial de Nanquim, na China, onde o badminton desfruta de prestígio, Coelho caiu nas oitavas de final, mas seu desempenho chamou a atenção a tal ponto que o próprio atleta ficou surpreso ao perceber que o público gritava seu nome. Ele é o 39o. no ranking mundial, mas derrotou rivais destacados, como o indiano HS Prannoy. O Brasil estreou nas disputas olímpicas de badminton há dois anos, no Rio.

Ainda faltam praticamente dois anos para Tóquio. Crises, quaísquer delas, representam barreiras. Mas, como visto, o mundo dos esportes costuma reservar surpresas. E as oportunidades estão abertas para todas as modalidades.

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