Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Aiba tem novo presidente, mas não definirá vagas olímpicas do boxe

Na semana passada, russo Umar Kremelev foi eleito para a presidência da entidade

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Uma das principais discórdias do mundo olímpico voltou a ter movimentação, mas não solução. Depois de algum tempo inerte, ressurge o conflito entre o COI (Comitê Olímpico Internacional) e a Aiba (Associação Internacional de Boxe), entidade que, tradicionalmente, organizava os torneios de pugilismo dos Jogos Olímpicos.

Depois de ameaçar até tirar o boxe dos Jogos, o COI dispensou a Aiba, em junho do ano passado, da ligação com eventos olímpicos. Alegou ainda uma série de irregularidades na condução das atividades daquela organização. Essa disputa teve idas e vindas antes de azedar de vez. O rompimento veio depois da Olimpíada no Brasil.

Na semana passada, o russo Umar Kremelev, secretário-geral da Federação Russa de Boxe e membro do Comitê Executivo da Aiba, foi eleito para a presidência da entidade, após quatro rodadas de votação nas quais superou inclusive o presidente interino, o marroquino Mohamed Moustahsane.

O novo mandatário diz que vai superar os problemas em 2021, pagar as dívidas estimadas em US$ 20 milhões (cerca de R$ 102 milhões) e organizar a governança. Uma auditoria recente apontou dificuldades e obstáculos nesse sentido, alertando sobre a possibilidade de insolvência e dissolução da organização.

O boxe movimenta fortunas em suas promoções internacionais. Além disso, os resultados das lutas estão sujeitas de avaliações subjetivas —hoje em dia menos, um pouco mais controladas pelas novas tecnologias— da arbitragem, aspecto que exige transparência.

COI e Aiba batem cabeça entre si há tempos. Nesse conflito, os Jogos Olímpicos do Rio podem ser considerados um divisor de águas. Tanto que os árbitros escalados naquelas disputas foram afastados por um tempo de suas atividades.

Final olímpica em 2016, entre o brasileiro Robson Conceição e o francês Sofiane Oumiha
Final olímpica em 2016, entre o brasileiro Robson Conceição e o francês Sofiane Oumiha - 16.ago.16/Reuters

O COI realizou investigações sobre o trabalho do grupo na competição no Brasil, analisando lutas e resultados. Nenhuma fraude foi descoberta e todos os juízes voltaram a ter seus nomes disponíveis para escalações em eventos olímpicos, exceto para as disputas de Tóquio-2020, o que não deixou de ser uma estranha punição.

Depois, com a aceleração dos preparativos para a Olimpíada japonesa, a confusão aumentou. Um dos principais pontos dos desentendimentos foi a escolha do uzbeque Gafur Rakhimov como presidente da Aiba, mesmo com forte pressão do COI, que não aceitava a indicação daquele dirigente. Havia versões de que ele estaria em lista das autoridades dos Estados Unidos de criminosos internacionais e envolvido em tráfico de heroína. Nenhuma prova apareceu, mas a fama do dele alimentou o conflito.

Nesse cenário é que Rakhimov despontou. Assumiu a presidência interinamente e depois foi eleito para o cargo, numa atitude de afronta dos dirigentes da Aiba ao COI. O dirigente só se demitiu quando ficou pressionado e sem saída, em março de 2019. O marroquino Mohamed Moustahsane, então, assumiu o posto interinamente. Mesmo assim, o problema continuou sem solução.

As denúncias de bagunça persistiram. Atolada em dívidas e com prestações de contas não convincentes, a Aiba também sofreu ataques por falha na sua governança. A direção da entidade trocou presidentes e mudou seu estatuto sem conseguir colocar um ponto final nas pressões.

Para o presidente da CBBoxe (Confederação Brasileira de Boxe), Mauro Silva, os cinco candidatos que concorreram à presidência da Aiba eram competentes e o eleito, Umar Kremelev, tem capacidade e nenhum vínculo com os problemas apontados. “Ele é ligado ao Putin [Vladimir, presidente da Rússia]”, disse.

Mauro confia numa boa administração de Kremelev, desde que ele “ponha para fora” alguns dirigentes que há anos estariam prejudicando a entidade. Mas, no momento, Mauro afirmou que está focado em outra direção, ou seja, nos preparativos do time olímpico de boxe para os Jogos de julho, no Japão.

As seletivas olímpicas das Américas terão lugar na Argentina, em maio, e a CBBoxe vai tentar vagas em todas as categorias (oito no masculino e cinco no feminino). Quem não se classificar terá nova chance, em junho, no Mundial de Paris.

O time brasileiro já está se preparando, volta a treinar em janeiro e viaja em fevereiro para a Bulgária (treino e competição). É muita atividade, que requer uma cobertura robusta. Aí, o ringue é outro. Diretos e cruzados ficam por conta do Comitê Olímpico do do Brasil.

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