A Olimpíada fica mais complicada a cada dia, enquanto sua realização não for confirmada. A pandemia da Covid-19 é a causa dos desacertos, sendo o maior deles o adiamento dos Jogos do ano passado para julho deste ano, ficando a confirmação na dependência do controle da doença. A decisão final sairá até março.
Salvo a descoberta da vacina, que está imunizando populações em dezenas de países –o Japão deve iniciar a vacinação somente neste mês–, não há vitória contra a Covid-19 para comemorar até o momento. Dentro de mais algum tempo, certamente isso ocorrerá, com a expansão da imunização.
Nesse cenário, caso seja confirmada, a Olimpíada de Tóquio poderá se converter no primeiro estímulo mundial de sucesso contra o Covid-19. Representará a batalha da esperança de que a guerra será vencida pela vacinação, uma injeção de ânimo para todos os habitantes do planeta.
O evento prevê o encontro de representantes de 206 países, com a hospedagem de 11 mil atletas, mais equipes de apoio, numa vila de Tóquio. A seguir, acontecerá a Paraolimpíada, outra competição de porte.
As disputas esportivas são a grande atração da Olimpíada, além de festa de paz e de confraternização mundial.
Torcer para a confirmação da Olimpíada, de certa forma, é acreditar na superação contra a pandemia. Os cientistas correm atrás da eficiência das vacinas e os políticos tratam da vacinação. Uma operação difícil e complicada, mas que tem avançado positivamente, embora a passos mais lentos do que o esperado.
No Japão, nesta terça (2), o governo estendeu o estado de emergência em Tóquio e outras regiões até 7 de março, na campanha de contenção do surto de coronavírus. O primeiro-ministro Yoshihide Suga consultou especialistas para anunciar a medida. Segundo ele, a pandemia está diminuindo, mas a vigilância deve permanecer por mais algum tempo.
Apesar do otimismo de Suga, o número de infecções ainda é alto e o sistema médico continua tenso, revelou Shigeru Omi, médico que preside o subcomitê governamental de coronavírus. A pandemia registra mais de 5.700 mortes e cerca de 400 mil infectados no país.
A Olimpíada é um desafio para os japoneses, que pretendem mostrar o novo momento do país para o mundo. Mas, desde o adiamento dos Jogos por causa da pandemia, que cresceu no Japão, o ceticismo tomou conta da população.
A crise na saúde também provocou impacto na economia e nos negócios, causando desconforto e insegurança no país. Pesquisa recente apontou que 80% dos japoneses acham que os Jogos devem ser adiados novamente ou cancelados definitivamente. Antes, os números eram favoráveis aos Jogos.
O governo japonês estuda até o endurecimento da lei de doenças infecciosas para pacientes que resistem à hospitalização e para aqueles que se recusam a participar de pesquisas epidemiológicas elaboradas pelas autoridades de saúde.
Em meio a esse ambiente conturbado, os proprietários de apartamentos na Vila dos Atletas reivindicam indenização pelo adiamento da entrega dos imóveis. Cerca de 20 compradores que esperavam tomar posse das moradias após o desmantelamento da Vila iniciaram um processo judicial.
Antes do adiamento dos Jogos, ano passado, cerca de 900 apartamentos tinham sido vendidos. O projeto conta com mais de 20 torres em frente à baía de Tóquio. Alguns imóveis estão avaliados em aproximadamente 1,62 milhão de dólares (R$ 8,8 milhões).
Os dirigentes japoneses, esportivos e políticos, querem os Jogos confirmados na esperança de recuperação dos investimentos e do orgulho de mostrar o país ao mundo.
Previsões apontam um acréscimo no orçamento dos Jogos de 2,8 bilhões de dólares com o adiamento, elevando os gastos totais para 15,8 bilhões de dólares. Se confirmadas essas estimativas, será a Olimpíada mais cara da história.
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