Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Prazo é desafiador para decisão histórica do Japão sobre Olimpíada

Mesmo com controle da pandemia, anfitriões precisariam confiar nas garantias dos visitantes

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Pressionado pela pandemia do novo coronavírus, o Japão tem prazo desafiador para confirmar ou cancelar a Olimpíada de Tóquio, com abertura prevista para 23 de julho. Nunca antes, em tempos de paz, o evento foi cancelado em mais de 120 anos.

A decisão deve ser anunciada em breve para que os preparativos sejam concluídos e as delegações organizem suas viagens com segurança nos quatro meses que restam para o evento.

A atitude exige muita responsabilidade, pois os Jogos Olímpicos vão reunir representantes de mais de duas centenas de países. Como garantir essa façanha, de porte incalculável, envolvendo tamanha diversidade de delegações?

Não basta que os anfitriões tenham controle da pandemia. É necessário confiar nas garantias das equipes visitantes, hipótese impossível no momento, com grande escala de contaminação e mortes em todos os cantos do mundo, como ocorre no Brasil.

Mesmo que o Japão consiga dominar as variantes da pandemia, uma decisão pró-Olimpíada vai representar um risco à saúde mundial. É como um baile que reúne pessoas de vários bairros, podendo espalhar o vírus na cidade por mais eficiente que seja o controle.

Os Jogos terão participantes de todas as partes do mundo. E não será pouca gente, totalizando 11 mil vidas apenas de atletas, número que fica pelo menos cinco vezes maior com os envolvidos nos variados setores do evento.

A mídia japonesa noticiou na segunda-feira (15) que o comitê organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos provavelmente considerará a opção de realizar testes de coronavírus todos os dias nos atletas participantes.

Autoridades do governo e do esporte falam sobre medidas olímpicas sob condição de anonimato. Há preocupação com o aparecimento e a disseminação de variantes contagiosas do novo coronavírus.

O plano em vigor prevê testes a cada quatro dias. A dúvida a ser superada no caso de redução desse tempo é se o aumento nos custos e na mão de obra afetarão o acesso do público em geral aos testes. É uma questão delicada.

Seiko Hashimoto, a diretora do comitê organizador japonês, disse em 9 de março que a frequência dos testes provavelmente aumentaria a cada quatro dias após o surgimento de novas variantes do vírus.

Enquanto isso, em clima de tensão e de interrogações, o governo japonês provavelmente decidirá nesta quinta (18) se mantém ou encerra o estado de emergência provocado pela Covid-19, que abrange as prefeituras de Tóquio e das vizinhas Kanagawa, Chiba e Saitama. Serão consultados especialistas em saúde antes da tomada de uma decisão final.

Apesar dos impasses causados pela pandemia, o COI (Comitê Olímpico Internacional), o comitê organizador e o governo japonês continuam trabalhando para que os Jogos sejam confirmados.

O comitê organizador anunciou oficialmente em dezembro último a estimativa final do orçamento da Olimpíada, inclusive com os gastos provocados pelo adiamento dos Jogos do ano passado para julho próximo por causa da pandemia e com os procedimentos para superar a crise na saúde. O total atingirá US$ 15,4 bilhões.

Anéis olímpicos em frente ao Museu Olímpico de Tóquio, que vive incerteza sobre realização dos Jogos
Anéis olímpicos em frente ao Museu Olímpico de Tóquio, que vive incerteza sobre realização dos Jogos - Stoyan Nenov - 4.mar.2020/Reuters

O gasto é altíssimo, mas o evento movimenta valores astronômicos com o seu viés comercial e direitos de imagem. Esses interesses são decisivos para a confirmação da Olimpíada.

As medidas contra a pandemia, por sua vez, não mostram a eficiência que seria necessária para contornar a crise e continuam sendo implementadas lentamente.

O CEO do comitê organizador, Toshiro Muto, em entrevista recente, destacou que os Jogos deste ano podem ser um símbolo de solidariedade que ajudará a reduzir a distância emocional entre as pessoas que lutam contra a solidão e a ansiedade em um "tempo sombrio" causado pelo novo coronavírus.

O valor de organizar a Olimpíada mudou desde que o vírus varreu o mundo e forçou as pessoas a se isolarem ou mudarem seu estilo de vida para minimizar o risco de infecções sem saber quando a pandemia chegará ao fim. Muto sugeriu que o evento de Tóquio, se bem-sucedido, pode ser uma inspiração durante este período desafiador.

O dirigente, no entanto, divide essa visão otimista com a realidade, admitindo que a crise global de saúde tornou difícil para muitos emprestar seu apoio aos Jogos. Até mesmo os japoneses recuaram. Segundo pesquisas recentes, a maioria deles já vê a Olimpíada com ceticismo. O momento é emblemático para o Japão.

Muto enfatizou que os organizadores japoneses, incluindo o governo de Tóquio, devem responder com rapidez e flexibilidade às diferentes situações porque é difícil prever como será a pandemia em uma semana, quanto mais em meses

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