Se 2021 começou com notícias ruins para a Ford no país, que venha o próximo ano. Após encerrar a produção nacional de veículos, a montadora americana chega à linha 2022 com o lançamento da picape Ranger Black.
O modelo é produzido na fábrica argentina de Pacheco, que recebeu um investimento de US$ 580 milhões em dezembro para renovação de produtos. Os principais veículos da marca no Brasil virão de lá e do México.
Apesar de seus 5,35 metros de comprimento, a Ranger Black tem proposta mais urbana. A tração 4x2 limita o uso em estradas enlameadas, mas reduz os custos e permite colocar um modelo a diesel para brigar diretamente com as picapes flex.
Equipada com motor 2.2 turbo (160 cv de potência) e câmbio automático de seis marchas, a nova opção da Ford custa R$ 179,9 mil. As concorrentes diretas são a Toyota Hilux 2.5 SRV (R$ 176,8 mil) e a Chevrolet S10 2.5 LTZ (R$ 176,5 mil), versões que podem consumir etanol ou gasolina.
O sobrenome Black é justificado pelo pacote visual. Carroceria, logomarcas e rodas aro 18 são pintadas de preto brilhante, padrão que se repete na cabine.
O pacote de segurança inclui sete airbags e assistente de partida em rampas, que mantém a picape parada por alguns segundos para que o motorista possa tirar o pé do freio e acelerar em um aclive sem que o carro ande para trás.
A central multimídia Sync 3 traz tela de oito polegadas e pode reproduzir as informações de smartphones por meio dos sistemas Android Auto e Apple Carplay. O equipamento concentra os comandos do ar-condicionado automático.
O visual e a conectividade foram privilegiados, mas alguns itens comuns no segmento estão fora da lista. O motor é acionado por meio de uma chave convencional, não há botão de partida.
Falta ainda acendimento automático dos faróis e regulagem elétrica de altura do facho. São itens presentes nas rivais flex e na versão Limited 4X4 da Ranger, que é equipada com motor 3.2 turbodiesel (200 cv) e custa R$ 250 mil.
No uso, a Ranger Black surpreende pela posição ao volante, mais próxima dos utilitários de luxo do que das tradicionais picapes médias. Essa qualidade atenuou a vibração do motor a diesel, que se mostrou econômico em uma primeira avaliação.
Após rodar 400 quilômetros com a picape (80% em rodovias com velocidade máxima de 110 km/h), o computador de bordo marcava o consumo médio de 12,1 km/l. Como o tanque tem 80 litros de capacidade, seria possível rodar 968 quilômetros nessa condição.
A autonomia e o preço menor do diesel em comparação à gasolina em todo o país e ao etanol em vários estados são os principais atrativos do utilitário da Ford, que também mostra bom comportamento dinâmico.
A estabilidade em curvas é elogiável para um veículo de seu porte, mas essa eficiência só é possível com o uso de muita eletrônica para compensar as oscilações da carroceria.
No ambiente urbano, o piso ruim faz o utilitário saltitar. É o preço a ser pago pela robustez de uma picape que pesa duas toneladas e foi projetada originalmente para o meio rural.
Nos comerciais da linha 2022 da Ranger, a Ford destaca que “a raça forte sempre esteve aqui, e vai continuar”. A frase busca reforçar a presença da marca no mercado brasileiro e reconquistar a confiança do consumidor.
A montadora sabe: nada será como antes após o fechamento de tantas fábricas, demissões em massa e consequente redução da rede de concessionárias. Para seguir em frente, vai precisar de produtos mais rentáveis, atuando em um mercado de menor volume.
Após a Ranger, virá o utilitário esportivo Bronco. Feito no México, chegará em maio embalado por incentivos fiscais.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.