Eduardo Sodré

Jornalista especializado no setor automotivo.

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Volkswagen Gol atual sai de linha em 2022: montadora investirá R$ 7 bilhões em novos produtos

Polo Track é confirmado, e outros produtos serão fabricados no Brasil e na Argentina

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A Volkswagen anunciou nesta sexta (5) um novo ciclo de investimentos no Brasil. Serão aplicados R$ 7 bilhões entre 2022 e 2026 no desenvolvimento de uma nova família de carros compactos.

O primeiro será o novo Polo Track, uma versão mais em conta do hatch que será produzida em Taubaté (interior de São Paulo). O lançamento está previsto para o próximo ano.

A novidade vai significar a aposentadoria do Gol atual. O modelo vendido hoje é produzido desde 2008, tendo passado por algumas mudanças de motorização e estilo desde então.

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Volkswagen Gol 2020 com câmbio automático tem motor 1.6 flex e 120 cv de potência - Divulgação

A história do hatch compacto no mercado nacional teve início em 1980, quando era equipado com o motor 1.3 boxer refrigerado a ar oriundo do Fusca. Após mudanças mecânicas ao longo de seus cinco primeiros anos de mercado, tornou-se um sucesso. Foi o carro mais vendido do país por 27 anos consecutivos, de 1987 a 2014.

"O Gol é um ícone, como a Kombi e o Fusca. Para nós está sendo um processo de assimilação, a legislação mudou e essa nova família de compactos irá afetar o carro no futuro", diz Pablo Di Si, presidente da VW América do Sul.

"Nós continuaremos produzindo o Gol em 2022, mas claramente nossa estratégia será a plataforma MQB no futuro", afirma o executivo.

Portanto, a única chance para o Gol permanecer em linha é renascer sobre a base MQB, a mesma do Polo. Mas essa não é a prioridade do grupo Volkswagen, que alinha a operação no Brasil à estratégia global de produtos.

A montadora investe na digitalização dos seus veículos e dos processos de comercialização. A central multimídia VW Play vai equipar todos os carros à venda no país, incluindo os futuros lançamentos.

Outra meta é acelerar o processo de descarbonização dos produtos e dos procedimentos fabris. A divisão nacional da empresa é hoje o centro global para tecnologias em biocombustíveis.

Estão sendo desenvolvidas soluções híbridas, que conciliam motores movidos a etanol e a eletricidade. Essas opções deverão chegar ao mercado brasileiro em 2023, e também a países latino-americanos e asiáticos. Índia e China estão entre os principais clientes.

Quanto a modelos movidos 100% a eletricidade, o presidente da Volkswagen América do Sul vê como uma estratégia complementar. "Para ter uma fábrica de carros elétricos [na América do Sul], seria necessário investir bilhões de euros. Então vamos pegar o melhor de cada região e tentar exportar."

Ou seja, o Brasil deve se tornar um polo consumidor e exportador de tecnologias híbridas, mas irá importar modelos puramente elétricos.

Os anúncios de investimento ocorrem em um ano de recuperação para a Volkswagen, que projeta encerrar 2021 com lucro e fluxo positivo de caixa na América Latina. Segundo Pablo Di Si, isso não ocorria há muitos anos. A melhora na rentabilidade ocorre apesar da crise causada pela escassez de semicondutores.

A marca tem passado por uma série de paralisações por falta de peças. A empresa produz em um só turno na fábrica de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo). A redução do volume entrou em vigor na quarta (3) e afetou 1.500 funcionários, que estão em layoff (suspensão temporária dos contratos de trabalho).

A crise atual estimula a empresa a produzir novos componentes na região. As fábricas localizadas na Argentina estão incluídas nesse processo, o que deve reduzir, no médio prazo, a ociosidade nas plantas.

Os novos modelos que serão desenvolvidos na América do Sul terão foco na rentabilidade –estratégia que, quando conciliada às novas exigências de segurança e redução de emissões, se traduz em carros de preços mais altos.

"Mas as coisas não são permanentes, a demanda flutua, e os custos das commodities e da logística não vão continuar subindo como ocorre agora. Está sendo ridículo o que tem acontecido nos últimos meses devido à estrangulação da cadeia", diz Pablo, que destaca o forte aumento nos preços do aço como um dos motivos do encarecimento dos automóveis novos.

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