Os tablets de Moro
Como os relógios parados, que estão certos duas vezes por dia, a turma do ódio bolsonarista acertou quando reclamou porque o Ministério da Justiça compraria 600 tablets para que presos tivessem
visitas virtuais de parentes.
A ideia seria aceitável se as pessoas isoladas em UTIs tivessem o mesmo amparo. Afinal, há brasileiros hospitalizados porque acreditaram que a Covid-19 seria uma “gripezinha”, enquanto os presos ofenderam as leis.
Pernil Brasil
Seja qual for a crise, a turma do andar de cima aproveita o barulho para tirar mais uma fatia do grande pernil em que se transforma a Bolsa da Viúva.
Os produtores de etanol pediram ao governo que estude uma redução nos seus impostos por causa da retração do consumo do combustível.
Tudo bem, mas os produtores de etanol levaram uma pancada do mercado antes da chegada do vírus ao Brasil, quando o preço do barril do petróleo caiu.
Bolsonaro e Brás Cubas
Um observador da conduta de Bolsonaro sugere que ele dê uma olhada nas “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis.
Brás havia sido deputado e criou um emplastro que lhe “garantiria a glória entre os homens”. Ele seguia os ensinamentos de Quincas Borba, um filósofo doido.
O “defunto-autor” de Machado resfriou-se e “no outro dia estava pior; tratei-me enfim, mas incompletamente, sem método, nem cuidado, nem persistência; tal foi a origem do mal que me trouxe à eternidade. Sabem já que morri numa sexta-feira, dia aziago, e creio haver provado que foi a minha
invenção que me matou”.
O delírio de Brás Cubas matou-o, mas não matou os outros.
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