Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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No país do futebol, Mourão recorreu a regra do polo para comentar crise

Ao dizer que Mandetta 'cruzou a linha da bola', vice-presidente antecipou que ele seria demitido

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Quando o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o ministro Luiz Henrique Mandetta “cruzou a linha da bola” com sua entrevista do dia 12, antecipou que ele seria demitido. O general explicou: “Cruzar a linha da bola é uma falta grave no polo. Nenhum cavaleiro pode cruzar na frente da linha da bola”. De fato, o regulamento desse esporte diz que, “se um jogador comete uma falta grave, o juiz poderá aplicar o cartão amarelo ou optar pela expulsão de forma direta, aplicando o cartão vermelho”.

Chega a ser pitoresco que no país do futebol, com suas regras elegantes, o general tenha recorrido a um exemplo desse excêntrico esporte. Mourão é um oficial da cavalaria e, no Rio, montava no Centro Hípico do Exército.

Apesar de as tropas dos aliados terem surpreendido os alemães em 1944 porque desembarcaram na Normandia sem trazer cavalos (só veículos), no Brasil os regimentos de cavalaria só adotaram o transporte mecanizado nos anos 1960.

“A tradição hipomóvel” foi mantida, contou Mourão ao repórter Fabio Victor, que o acompanhou numa competição com seu animal, “Ídolo do Rincão”. No Centro Hípico havia cinco banheiros-vestiários, o dos generais, o dos oficiais superiores, o dos sargentos e tenentes, o dos soldados e cabos, e o dos paisanos.

Em Brasília, Mourão cavalga “Rincão” no 1º Regimento de Cavalaria de Guarda. No século passado, lá montava o general-presidente João Baptista Figueiredo. Ele contava que não foi para a Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial porque não tinha o curso de motomecanização.

Para paisanos, cavalo é coisa cara. Um quadrúpede qualquer pode custar R$ 2.000 mensais. Um cavalo de polo, por baixo, custa entre R$ 5.000 e R$ 10 mil.

O hipismo é uma tradição militar em quase todo o mundo. O general americano George Patton jogava polo, montava um magnífico cavalo branco, mas se celebrizou com seus tanques, desembarcando na Sicília, até entrar na Alemanha, atravessando o rio Reno, no qual urinou.

De uma serpente

“Se o Getúlio Vargas tivesse feito com a Força Expedicionária Brasileira o que Bolsonaro faz com os profissionais de saúde, as tropas alemãs teriam desfilado na avenida Rio Branco.”

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