Está em curso um momento de cretinismo das massas inebriadas pela paixão política. Nos Estados Unidos, decapitaram uma estátua de Cristóvão Colombo. Na Inglaterra, jogaram num rio o bronze de um comerciante de escravos do século 19. Estupidez nada tem a ver com manifestação política, é apenas estupidez.
Racistas vandalizam estátuas de Martin Luther King, e em 1871 a Comuna de Paris derrubou a coluna da praça Vendôme que celebrava a vitória de Napoleão na batalha de Austerlitz. (Felizmente
ela foi reconstruída.)
Dói ver a polícia protegendo as magníficas estátuas de Winston Churchill em Londres e em Praga, em cujos pedestais picharam que ele era racista. Era, mas ajudou a salvar a civilização ocidental
quando parecia que o nazifascismo dominaria o mundo.
O traficante de escravos não deveria ser homenageado e sua estátua não deveria ter sido jogada no rio. Não era preciso. Os russos ensinaram ao mundo como lidar com esse problema. Depois do colapso da União Soviética, as estátuas dos dirigentes comunistas foram retiradas de seus pedestais e colocadas num parque. (Um dos bons negócios do início do século foi comprar a preço de banana quadros de alguns pintores do realismo socialista soviético.)
Na cidade do México há uma estátua do rei espanhol Carlos 4° e no seu pedestal uma placa informa que ela está ali pelo seu valor artístico.
Fizeram melhor os brasileiros. Dona Maria 1ª, rainha de Portugal, mandou enforcar o alferes Joaquim José da Silva Xavier. Seu neto homenageou o pai (dom Pedro 1°) com uma linda estátua equestre na praça da Constituição. Veio a República e a Casa dos Bragança foi desterrada, mas a estátua de dom Pedro ficou lá, na praça à qual foi dado um novo nome, o de Tiradentes.
Trump derrete
Donald Trump achou que teve uma boa ideia quando ameaçou botar as Forças Armadas americanas nas ruas diante dos atos de vandalismo praticados durante os protestos contra o racismo. A ideia parecia tão boa que o general Mark Milley, a mais alta autoridade do serviço ativo, acompanhou-o
numa de suas palhaçadas.
Passados alguns dias, Milley desculpou-se: “Eu não deveria estar lá”.
Esse episódio poderá vir a ser um marco no derretimento da candidatura de Trump à reeleição.
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