Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Elio Gaspari

Guedes misturou cloroquina com cloro de piscina ao comparar Brasil a Argentina e Venezuela

Na Saúde, governo vende sonhos que não podem cumprir sobre vacinas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tarcísio está noutra

Tarcísio de Freitas, ministro da Infraestrutura, só convive com as moscas de padaria. Não é candidato a nada e não quer ser. Até porque já decidiu: quando sair do governo irá para a iniciativa privada.

Guedes e Maritza Izaguirre

Outro dia, o ministro Paulo Guedes disparou uma urucubaca: “Para virar a Argentina, seis meses; para virar Venezuela, um ano e meio”.

Misturou cloroquina com cloro de piscina. A Argentina teve projetos liberais mal conduzidos e fracassados. Na Venezuela, isso nunca aconteceu. O projeto de demagogia miliciana de Hugo Chávez era político.

Em 1999, quando o coronel Chávez assumiu, o tal de “mercado” torceu para que a manutenção de Maritza Izaguirre no Ministério da Fazenda garantisse alguma racionalidade. Um ano depois, Izaguirre foi substituída e voltou para o Banco Interamericano de Desenvolvimento.


Chávez chegou prometendo “mercado até onde for possível e Estado apenas onde for necessário”. Era lorota.

Sonham acordados

Quando o governador João Doria anunciou que em janeiro começaria a vacinação em São Paulo, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel da reserva Elcio Franco (aquele que usa brochinho de crânio atravessado por uma faca), disse o seguinte:

“Senhor João Doria, não brinque com a esperança de milhares de brasileiros, não venda sonhos que não possa cumprir, prometendo uma imunização com um produto que sequer possui registro nem autorização para uso emergencial”.

No dia 17 de janeiro, foi vacinada no Hospital das Clínicas a enfermeira Mônica Calazans. Jogo jogado.

Na quinta-feira (4), a repórter Paula Ferreira mostrou que Franco encaminhou ao Senado uma planilha informando que neste mês o ministério distribuirá 38 milhões de vacinas.

No dia 17 de fevereiro, o general Eduardo Pazuello anunciou que entregaria 46 milhões de imunizantes. Onze dias depois, a previsão baixou para 39,1 milhões. Em duas semanas, evaporaram-se 7,9 milhões de vacinas.

O doutor deveria entrar na sala do general Pazuello admitindo:
“Chefe, estamos brincando com a esperança de milhares de brasileiros, vendendo sonhos que não podemos cumprir”. (O Ministério da Saúde levou em conta 8 milhões de doses de um laboratório que ainda não deu entrada ao pedido de autorização da Anvisa, mas deixa pra lá.)

Leia outros trechos da coluna de Elio Gaspari deste domingo (7/3)

Flávio Bolsonaro desconsiderou norma de Tancredo sobre compras e vendas por governantes

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.