Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Descrição de chapéu Folhajus CNJ Estados Unidos

Eremildo, o idiota, acha que juízes deveriam ter 12 meses de férias

Ele entendeu que magistrados federais são os únicos que padecem de sobrecarga de trabalho

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Eremildo é um idiota e acha que os juízes deveriam ter 12 meses de férias.

O cretino entendeu que os magistrados federais são os únicos brasileiros que padecem de uma sobrecarga de trabalho. Nada mais justo que lhes fosse concedido pelo Conselho Nacional de Justiça o benefício de 1 dia de folga para cada 3 trabalhados. Imaginando-se um juiz federal que desempenha uma função adicional durante 90 dias, ele teria direito aos dois meses de férias regulamentares, mais um terceiro mês de descanso.

O presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Luís Roberto Barroso, durante sessão - Reprodução/G.Dettmar/Ag. CNJ

Eremildo encantou-se com um dispositivo do mimo: os dias de folga podem ser trocados por dinheiro.

Até aí seria um caso de pagamento de horas adicionais eventualmente trabalhadas. Contudo, os magistrados terão direito a remuneração mesmo durante os dois meses de férias regulamentares.

Ocorreu mais uma vez a Eremildo que os magistrados passem a reivindicar o pagamento de seus serviços pela pauta de Polichinelo.

Contratado para receber R$ 1.000 por dia, ou R$ 5.000 por semana e R$ 20 mil por mês, ele queria receber R$ 1.000 por dia, R$ 5.000 ao fim das semanas e R$ 30 mil no final dos meses. Como Polichinelo era um bobo, não havia pensado nas férias.

Novembro de 1963

Neste domingo, há 60 anos, o povo de Dallas soube o percurso da caravana do presidente Kennedy. No dia 22 ela passará debaixo do edifício onde trabalha Lee Oswald. Jacqueline Kennedy escreveu para um amigo que irá com o marido ao Texas: "Vou detestar cada minuto".

No Brasil, a falecida revista Manchete chegou às bancas com uma entrevista do presidente João Goulart na qual ele ameaçou:

"Não tenho a menor dúvida de que, a continuar como vamos, o caos poderá sobrevir —e a todos atingirá, indistintamente. [...] A palavra revolução deixou de ser um fantasma abstrato".

Kennedy chegaria a Dallas na manhã do dia 22. Nesse dia aconteceriam três reuniões. Uma em Nova York, com a equipe da revista Life que investigava os negócios milionários do vice-presidente Lyndon Johnson.

Outra no Senado, em Washington, onde uma comissão ouviria uma testemunha das malfeitorias de Bobby Baker, o faz-tudo de Johnson ao tempo em que ele era o poderoso líder da maioria democrata na casa. (O vice sabia que estava sendo investigado. Na véspera da chegada do presidente a Dallas, disse a um assessor: "Meu futuro ficou para trás. Estou acabado".)

A terceira reunião aconteceria num hotel de Paris. Nela, o chefe da seção de operações especiais da Central Intelligence Agency encontraria o major do Exército cubano Rolando Cubela, que pretendia matar Fidel Castro.

No dia 22, circulou no Departamento de Estado o primeiro projeto do Plano de Contingência para o Brasil, pedido em outubro pelo embaixador americano Lincoln Gordon. Era um documento classificado como top secret, e o responsável pelo Brasil na chancelaria remeteu-o ao secretário de Estado Assistente para Assuntos Hemisféricos, observando que ele oferecia três alternativas, "com forte ênfase numa intervenção militar americana".

Na véspera, Lee Oswald pediu a um vizinho que lhe desse uma carona para ir buscar em casa um suporte de cortinas de seu banheiro. Era o fuzil Mannlicher–Carcano com pontaria telescópica que havia comprado em março e que tinha usado sem sucesso em abril para matar um general reservista de extrema direita.

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