Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Descrição de chapéu TSE

Delação de Mauro Cid pode ser exemplar

Procurador evitou a rota da desastrosa colaboração do ex-ministro Antonio Palocci

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A colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid é um unicórnio. Fala-se muito dela, mas ninguém a viu. O subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, que a viu, achou-a "fraca" e avisa que o julgamento de seu valor dependerá de investigações.

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O tenente-coronel Mauro Cid durante depoimento à CPI do 8 de janeiro, no Senado, em Brasília - Pedro Ladeira - 11.jul.23/Folhapress

Mauro Cid falou de reuniões macabras. Falta saber o dia, o local e buscar a confirmação das propostas colocadas na mesa. Ao escolher o caminho dessa busca, o procurador evitou a rota da desastrosa colaboração do ex-ministro Antonio Palocci à Polícia Federal, feita em 2018 e divulgada astuciosamente pelo então juiz Sergio Moro às vésperas do primeiro turno das eleições.

Palocci falou muitas coisas, de propinas internacionais, vindas da Líbia, e de simples gestões de empresários, transformadas em futricas. Investigou-se coisa nenhuma. Nem mesmo o dinheiro líbio, que teria passado pela conta do marqueteiro Duda Mendonça, vivo à época, na condição de delator confesso. Bastava pedir o extrato de suas contas no exterior.

A Operação Lava Jato avacalhou as colaborações. Os anos se passaram e, graças a essas avacalhações, larápios confessos acabam inocentados pelo Supremo Tribunal Federal.

Carlos Frederico Santos foi didático:

"Ao delator que se propõe a firmar esse tipo de acordo não basta possuir uma narrativa, ele tem que apontar os participantes de um crime e apontar, pelo menos, os caminhos até as provas para confirmarmos aquilo que ele falou".

Se as investigações levarem a nada, caduca o acordo. Se levarem a delitos e delinquentes, isso só servirá para valorizar o gesto do colaborador e para exaltar a participação da Polícia Federal no processo. Nesse caso, todo mundo ganha. No caso de Palocci, todo mundo perdeu, salvo Jair Bolsonaro, que ganhou um sopro, e o juiz Moro, que se tornou seu ministro da Justiça.

Eremildo, o idiota

Eremildo é um idiota e sempre achou razoável que os barões da rede varejista Americanas não tivessem percebido a fraude bilionária que ocorria na empresa.

Por cretino, concordou com os doutores da CPI que encerraram seus trabalhos sem apontar responsáveis.

Outro dia ele leu uma reportagem de Rodrigo Rangel contando que o deputado João Bacelar afirmou que seu colega Gustinho Ribeiro, que presidiu a CPI, comprou a prazo um cavalo por R$ 1 milhão. O negócio teria sido fechado logo depois do funeral da comissão.

Gustinho rebateu: "O deputado Bacelar, todo mundo conhece o histórico dele, e ele não é digno de resposta. Todo mundo sabe a intenção e o intuito dele durante os trabalhos da CPI e o que ele desejava fazer com os convocados".

Eremildo acha que a turma das Americanas deveria formar uma comissão para investigar a CPI.

A PF e seus peritos

Uma das glórias do Federal Bureau of Investigation, o FBI americano, sempre foi a excelência dos seus peritos e laboratórios. A Polícia Federal brasileira está desperdiçando o serviço de seu Instituto Nacional de Criminalística ao aceitar documentos periciados por outras fontes ou sem perícia alguma.

Um exemplo dessa prática deu-se com as imagens do incidente ocorrido no aeroporto de Roma com o ministro Alexandre de Moraes. As imagens mandadas pelo governo italiano não foram analisadas pelo INC.

Com razão, a associação dos peritos reclamou.

LEIA OUTRO TRECHO DA COLUNA DE ELIO GASPARI

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