Encaminhado com Frequência

Editada por Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, coluna traz perspectivas sobre os dados extraídos de redes sociais fechadas

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Encaminhado com Frequência

Estratégia de bonzinhos e malvados puxa 'PEC das Praias' e 'taxa das blusinhas'

Temas ganharam destaque ao longo da última semana nas redes sociais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Nas redes sociais e grupos de mensageria, a estratégia de bonzinhos e malvados é determinante na formação de opinião pública sobre a PEC 3/2022 e o PL 914/2024.

"Privatização de praias" e "taxação das blusinhas". Os dois temas ganharam destaque ao longo da última semana nas redes sociais e parte da popularidade acontece por conta da escolha dos termos utilizados para colocar os assuntos em debate.

Montagem mostra a logomarca da Shopee e da Shein - Dado Ruvic/Reuters

O embate da "privatização das praias" se iniciou em torno da Proposta de Emenda à Constituição Nº 3, de 2022, que ficou conhecida como "PEC das Praias".

Sob relatoria do senador Flávio Bolsonaro, o texto prevê o fim dos terrenos de marinha e já havia sido aprovado na Câmara dos Deputados em 2022. As consequências de uma possível aprovação da PEC foi o que movimentou o debate público.

Nas redes sociais analisadas pela Palver, grande parte das menções ao tema se referem como privatização das praias e foi amplamente criticado pelo público.

Os vídeos e imagens compartilhadas apontam que, com a aprovação do texto, a população brasileira perderia acesso às praias, uma vez que passariam a ser propriedades privadas. Nessa reportagem da Folha é possível entender o que realmente a PEC discute e suas possíveis consequências.

A discussão entrou no debate nacional após a atriz Luana Piovani fazer críticas públicas a Neymar alegando que ele seria um dos apoiadores da PEC. Neymar respondeu às críticas e subiu o tom, trazendo ainda mais popularidade ao tema. Isso fez com que as pessoas engajassem nas discussões em redes sociais e nos grupos de mensageria.

Algumas poucas mensagens foram enviadas em apoio à aprovação da PEC, grande parte fazendo uso de um vídeo gravado pelo senador Flávio Bolsonaro, no qual tenta explicar que não se trata de privatização, mas de redução de impostos e geração de empregos. Essa linha de argumentação, contudo, teve menos adesão entre os usuários das redes sociais.

Outro tema que repercutiu foi a chamada "taxa das blusinhas". O projeto de lei 914/2024 foi aprovado no Senado e deve voltar à Câmara dos Deputados, dado que o texto inicial sofreu alteração. O texto inicial discute a instituição do Programa Mobilidade Verde e Inovação, mas prevê a taxação de 20% nas remessas postais internacionais que custam até US$ 50.

Se o texto for aprovado na Câmara, as compras realizadas em sites como Shopee, Aliexpress, Shein, e outros baseados foram do Brasil passarão a pagar o imposto. A oposição começou a circular vídeos nas redes sociais apontando que o presidente Lula tem o poder de vetar a taxação, pedindo para que a população faça pressão.

O apelido escolhido tanto no caso da PEC 3/2022 como no PL 914/2024 demonstra o poder da comunicação para avançar em pautas de interesse que necessitam do apoio público. Tanto a "privatização das praias" como a "taxação das blusinhas" faz com que haja engajamento da população nos temas, pois influencia diretamente no cotidiano das pessoas.

No caso da PEC 3/2022, a argumentação utilizada nas redes descreve os apoiadores do texto como gananciosos e interessados em tirar a diversão da população e olhando apenas para seus próprios interesses.

Alguns vídeos que circularam no WhatsApp apontam uma ligação entre o senador Flávio Bolsonaro e uma ilha em Angra dos Reis, em que há disputa pela posse do imóvel com o jogador Richarlison. No vídeo, Flávio é descrito como alguém que se beneficiaria diretamente no caso da aprovação da PEC e por isso estaria defendendo o projeto.

Nessa batalha de comunicação há uma tentativa de criar os bonzinhos e os malvados. No lado malvado os gananciosos, que são cruéis e insaciáveis em tirar proveito, e do outro lado a população brasileira, que apenas gostaria de continuar acessando às praias no momento de lazer.

Mesma estratégia foi utilizada no caso do PL 914/2024, em que o governo foi acusado de querer aumentar seus ganhos para sustentar privilégios do poder, enquanto o lado prejudicado é a população. Em ambos os casos, a comunicação foi central para moldar a opinião pública e isso se refletiu nas redes sociais.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.