Encaminhado com Frequência

Editada por Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, coluna traz perspectivas sobre os dados extraídos de redes sociais fechadas

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Descrição de chapéu STF drogas

Descriminalização do porte da maconha é confundido nas redes com liberação da droga

Após decisão do STF, usuários de WhatsApp e Telegram em grupos de direita compartilharam vídeos criticando a decisão

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Após decisão do Supremo Tribunal Federal de descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal, o assunto foi destaque no Telegram e no WhatsApp, chegando ao pico de 279 menções a cada 100 mil mensagens trocadas nos grupos analisados no dia 26 de junho.

Apenas para efeito de comparação, esse número supera as menções ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que obteve 223 menções, mas fica atrás das referências a Lula, que chegaram a 449 a cada 100 mil mensagens.

Nos mais de 75 mil grupos públicos analisados pela Palver, a maior parte do conteúdo compartilhado sobre o tema apresentou argumentos contrários à decisão do STF. Seja no uso de tom alarmista ou jocoso, o tópico foi predominantemente discutido nos grupos de direita.

Homem pardo fuma cigarro. A foto destaca o rosto dele e a fumaça que sai do cigarro
Coletivo Marcha da Maconha promove ato por ocasião de julgamento no STF sobre a descriminalização do porte de drogas - Ronny Santos - 24.mai.23/Folhapress

A dificuldade na compreensão dos termos causou muita confusão entre os usuários das redes sociais.

Diversos vídeos divulgados apontam erroneamente que a decisão do STF liberou a maconha e, partindo dessa premissa, destacam consequências que tal medida geraria na sociedade, como aumento do consumo da droga e da criminalidade.

Um dos vídeos que circulou nos grupos, com o título "PMSC manda recado para maconheiros", traz um policial militar, que se apresenta como tenente-coronel, tentando explicar que a decisão não legaliza o porte ou posse da maconha, mas que a mudança seria a ausência de pena criminal.

Ele afirmou ainda que nada muda na abordagem policial, pois continuará existindo a apreensão da droga e realização do boletim de ocorrência, independentemente da quantidade.

A principal linha narrativa usada pela oposição, que reverberou com alta intensidade nas redes sociais, foi a de que os maiores beneficiados pela decisão seriam os traficantes, uma vez que usariam as regras estabelecidas na decisão da corte como estratégia na venda da droga.

Houve também muitas mensagens com teorias da conspiração, as quais tentavam relacionar a medida ao bilionário George Soros ou propagavam que Lula estaria seguindo ordens do narcotráfico, fazendo uso dos "fantoches do STF" para "liberação da maconha".

Na argumentação da maior parte dos vídeos divulgados por influenciadores da direita, o responsável por carregar e entregar as drogas ao comprador, também conhecido como "aviãozinho", apenas traria consigo o limite de 40 gramas estipulado pelo STF como parâmetro para diferenciar o usuário da maconha do traficante.

Dessa forma, argumentam, o tráfico de drogas poderia operar e lucrar com aval do Estado.

Parte das mensagens divulgadas trouxe a equivalência de 40 gramas em total de cigarros de maconha para criar o efeito de impacto no leitor. Um dos textos com esse tipo de conteúdo destaca que a "quantidade de maconha liberada pelo STF rende até 133 "baseados".

Essas mensagens foram identificadas em diversos tipos de grupos, como notícias e vendas, não se limitando, portanto, a grupos políticos.

Ainda nos conteúdos críticos à decisão, é destacado que não há um vendedor legal da maconha, mesmo que para uso pessoal, o que implicaria necessariamente na compra do produto através de traficantes, reforçando ainda mais o argumento de favorecimento ao tráfico de drogas.

Um dos divulgadores dessa linha de argumentação foi o senador Flávio Bolsonaro (PL), cujo vídeo foi compartilhado em grupos de direita no WhatsApp.

Outro debate que ocorreu nos grupos sobre o tema foi se a corte está ou não excedendo o seu papel constitucional.

Alguns usuários defenderam que o tema estava há muito tempo parado, e portanto, o STF estaria "cumprindo o seu papel". Contudo a maior parte das mensagens aponta insatisfação com "o Judiciário tomando o papel do legislador" e "usurpando o papel do Congresso Nacional".

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