Fernando Ganem

Médico cardiologista, é diretor geral do Hospital Sírio-Libanês e coordena o programa de residência de clínica médica da instituição

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Assim nasce um hospital

Filantropia e inovação marcam 100 anos da sociedade que fundou o Sírio-Libanês

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Em 28 de novembro deste ano, a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês completa 100 anos de uma história de compromisso e acolhimento, de filantropia e responsabilidade social para com a sociedade brasileira.

Em 1921, enquanto a cidade de São Paulo se transformava na metrópole que é hoje, um grupo de mulheres imigrantes de origem Síria e Libanesa se reuniu na casa de Adma Jafet, no bairro do Paraíso, em São Paulo, para discutir os primórdios do que viria a ser o Hospital Sírio-Libanês.

O desejo era de contribuir com a construção do futuro da cidade, mas também de criar um local de apoio a todos que precisassem de ajuda, em retribuição ao acolhimento que as próprias famílias haviam recebido quando chegaram às terras brasileiras.

Médico opera paciente de câncer no Hospital Sírio-Libanês - Eduardo Knapp - 26.ago.2019/Folhapress

Durante a construção da sede, o hospital enfrentou desafios que estavam aquém do seu controle. Com o começo da Segunda Guerra Mundial, o governo do estado de São Paulo decidiu desapropriar o prédio do hospital, que havia há pouco sido concluído, para a criação da Escola Preparatória de Cadetes.

Sem prédio, o sonho do Hospital Sírio-Libanês foi adiado –demorando quase duas décadas até que ele voltasse às mãos da Sociedade Beneficente de Senhoras. Mas o hospital só começou a operar de fato em 1961, como um hospital geral de alta complexidade e que hoje atende todas as especialidades, como oncologia, cardiologia, urologia e ortopedia, além de emergência e terapia intensiva.

Tão logo o hospital começou a funcionar, a medicina de ponta se tornou um dos pilares da nossa instituição. Pouco depois da inauguração, começamos a expandir nossos serviços. Em 1972, começou a funcionar a Clínica de Radioterapia Geral e Supervoltagem, o primeiro serviço desse tipo com acelerador linear do Brasil.

Em seguida, foi inaugurada a primeira unidade de terapia intensiva (UTI) em um hospital particular no Brasil. Nessa época, não havia nem a especialidade de intensivista em nosso país. Foi a equipe de profissionais dessa unidade que começou a estabelecer essa prática e a padronizar as rotinas dos cuidados dos pacientes críticos.

A UTI do Sírio-Libanês atraiu muitos profissionais da saúde, e percebendo a sua vocação para ensinar e liderar grandes movimentos de transformação no cuidado médico, a instituição criou, em 1978, o Centro de Estudos e Pesquisas (Cepe), que cresceu e hoje se tornou o Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa.

Assim como o ensino e a pesquisa, a filantropia acompanha o Sírio-Libanês desde a sua fundação. A instituição filantrópica atende hoje o mesmo número de pacientes oriundos de serviços públicos e privados de saúde.

Além das unidades do Hospital em São Paulo e Brasília, temos hoje também o Instituto Sírio-Libanês de Responsabilidade Social, que mantém convênio com os serviços de saúde do município e estado de São Paulo. A instituição tem hoje cinco unidades de saúde sob sua gestão, como o Hospital Municipal Menino Jesus, na capital paulista. Esse é um dos braços de responsabilidade social do Sírio-Libanês, porém não é o único.

O Sírio-Libanês tem ainda dois ambulatórios que atendem gratuitamente pacientes do Sistema Único de Saúde: um de pediatria e outro para mulheres com câncer de mama, acolhendo crianças e mulheres moradoras de São Paulo. Conhecido na região da Bela Vista como o "postinho do Sírio", esse cuidado com a população foi mais um exemplo da constante preocupação da instituição em ampliar o alcance da sua responsabilidade social.

O Sírio-Libanês é também parceiro do Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), oferecendo gestão para uma melhor assistência à saúde em todo o Brasil.

Foram muitas as conquistas médicas que posso citar, como o primeiro transplante de fígado com doador vivo do hospital, em 1995, ou o primeiro equipamento de PET/CT da América Latina, em 2002. Em setembro de 2000, um paciente do Sírio-Libanês foi operado conjuntamente com cirurgiões do Johns Hopkins Hospital, de Baltimore, nos Estados Unidos, por meio de telemedicina. O evento teve transmissão simultânea para os participantes do 18º Congresso Mundial de Endourologia.

E durante todos esses grandes marcos, o hospital sempre manteve seus indicadores de qualidade assistencial próximos aos principais centros mundiais, e, em alguns casos, até superamos. A nossa instituição sempre se manteve filantrópica e com um compromisso social genuíno. Uma receita de sucesso que guiará a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês pelos seus próximos cem anos, e além.

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