Fernando Canzian

Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

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Fernando Canzian

Depois de se ver pelado, Brasil pode nadar em dinheiro

'Tsunami' de dólares se forma para os emergentes; país depende da Previdência

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“Só quando a maré baixa é que descobrimos quem estava nadando pelado” é uma das boas frases do investidor Warren Buffett, controlador de dezenas de empresas nos EUA à frente da Berkshire Hathaway.

Nossa recente recessão mostrou que o Brasil perdeu a tanga quando a arrecadação tributária despencou e deixou à mostra a indecência das contas públicas nas três esferas de governo.

Até a crise, União, Estados e municípios viveram além de suas possibilidades, empurrando para o futuro a conta da irresponsável contratação de servidores e da manutenção de sistemas generosos de aposentadorias.

No nível do setor privado, os governos do PT também pouco fizeram para desmontar a bomba-relógio dos gastos previdenciários que o envelhecimento da população acabaria detonando agora.

A farra na maré cheia foi geral, de municípios beneficiados por royalties do petróleo que triplicaram o número de servidores ao governo federal, que criou dezenas de programas e estatais na esteira do boom das commodities de alguns anos atrás.

Os quase quatro anos de penúria recentes expuseram nossas fragilidades, mesmo depois de o mundo se recuperar com mais força da crise global do final da década passada.

A boa notícia agora é que a maré está subindo rapidamente de novo para os emergentes depois que os EUA indicaram estabilidade em sua taxa de juros. Isso estimulará investidores a procurarem mais rentabilidade em outros países e fora da segurança dos títulos do Tesouro americano.

O quadro abaixo mostra a força desse fluxo. Segundo o Institute of International Finance (IIF, espécie de Febraban mundial) forma-se neste momento um “tsunami de dinheiro” em favor dos emergentes –acima dos picos de 2015 e 2017.


Mas o Brasil ainda é um dos países menos beneficiados por essa maré montante diante da desconfiança dos investidores com nossa fragilidade fiscal –que uma reforma da Previdência poderia aliviar rapidamente.

Segundo o IIF, o Brasil figura entre os que podem receber, proporcionalmente, os maiores fluxos de dólares caso os investidores se sintam seguros em relação às contas públicas.

Outra frase de Buffett ensina que “se alguém está sentado na sombra hoje é porque outra pessoa plantou uma árvore no passado”.

Os novos congressistas deveriam pensar nisso neste início de mandato se quiserem, daqui a quatro anos, ter um país mais ajustado e crescendo quando tentarem se reeleger.

 

Levantamento da FSB Pesquisa e do BTG Pactual diz que 83% dos congressistas apoiam a reforma da Previdência –e 72% são favoráveis a uma idade mínima, embora sem consenso sobre qual.

Foram ouvidos 235 deputados e 27 senadores em uma amostra representativa das bancadas dos partidos.

Mas segundo o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), o governo conta hoje com 256 votos consistentes na Câmara e 37 no Senado –menos que os 308 e 49, respectivamente, necessários para passar a reforma.

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