Navegar pelas redes sociais é como assistir a uma série ruim. Você sabe que está perdendo o seu tempo, mas aí vem o gancho para o próximo episódio. Quando percebe, está há oito horas com os olhos grudados na tela, consumido pela raiva.
Uma das razões pelas quais os masoquistas das redes, me incluo nessa categoria, não conseguem largar seu vício são as postagens de pessoas que usam o termo “liberal” ou “libertário” para justificar ideias estapafúrdias. Chamemos eles de “liberotários”.
O pior do liberalismo é o "liberotário". Se John Locke soubesse da existência dessas pessoas, talvez desistisse de ser o pai do liberalismo e dedicaria seu tempo a pintar porcelana em um rancho em Essex.
Durante a pandemia, os "liberotários" saíram das catacumbas, como mortos-vivos, para esbravejar que as medidas de prevenção à Covid tiram sua “liberdade individual”. Eles têm uma noção muito restrita de liberdade individual.
Talvez por terem lido em algum grupo de WhatsApp que “liberdade” é simplesmente ser livre. Eles faltaram na aula do pré-primário que diz que a liberdade termina onde começa a do amiguinho.
Os "liberotários" usam os argumentos mais pitorescos para justificar o negacionismo. Comparam máscaras a mordaças. Se usassem tal apetrecho, não teriam capacidade de falar, o que não seria má ideia. Mas continuam falando e muita asneira.
Esses indivíduos bradam tolices como “fica em casa quem quer, fica doente quem quer”. Eles poderiam até desintegrar, se assim desejassem, o que seria bom. O problema é que continuam por aí, tolhendo nossa liberdade de ir e vir sem receber baforadas desses energúmenos.
Uma característica dos "liberotários", além da burrice, é a falta de coerência. Eles reclamam que estão fiscalizando suas festas, mas fiscalizam a vida alheia. Se dizem cristãos, mas, em vez de amar o próximo, põem a sua vida em risco. Se vivessem na época de Cristo, provavelmente estariam jogando pedra na cruz.
O mais difícil de desmentir os "liberotários" é quando seu maior representante é o chefe de Estado. Ele se diz defensor da “liberdade individual”, mas impediu que mais de 300 mil pessoas pudessem viver.
Agora, para defender o seu desejo de ser “livre”, está fazendo de tudo para acabar com a democracia.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.