Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu

Bolsonaro odeia as mulheres, que perdem vida e dignidade em seu governo

Considerando que presidente coleciona agressões, não espanta que Michelle se negue a fazer parte de sua campanha

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Na fábula "O Sapo e o Escorpião", o escorpião pede ao sapo para atravessar os rios em suas costas. O anfíbio nega o pedido, pois sabe que será picado. O bicho peçonhento diz que, se o picasse, morreria afogado e acaba convencendo o sapo. No meio da travessia, o escorpião pica a carona que, antes de morrer, pergunta: "Por que você fez isso?". O escorpião responde: "Porque sou um escorpião e essa é a minha natureza".

A fábula reflete um pouco as mulheres que apoiam o atual presidente. Como o sapo (ou perereca, se formos literais), elas tentam atravessar o rio de lama que se tornou o Brasil levando o escorpião do presidente nas costas. Não percebem que, no trajeto, foram jogadas para escanteio, perderam direitos, dignidade e a vida. Porque é da natureza de Bolsonaro odiar as mulheres.

Na ilutração de Galvão Bertazzi vemos uma mulher seegurando uma placa escrita MULHERES COM BOZO! Ela está sendo apertada por uma mão masculina gigante e um enorme balão escrito SHHHH! pode ser visto
Ilustração publicada em 29 de junho - Galvão Bertazzi

Antes mesmo de se tornar presidente, o então deputado já colecionava mais agressões a mulheres do que projetos aprovados. Entre "vagabunda", "idiota" e "quadrúpede", ele agrediu duas mulheres fisicamente e ameaçou a ex de morte.

Como presidente, ele extinguiu a Secretaria de Políticas para Mulheres, tentou vetar a distribuição de absorventes e teve apenas quatro ministras, em um total de 23 pastas.

Ele usa seu ódio contra mulheres para descredibilizar jornalistas. Como quando insinuou que jornalista Patrícia Campos Mello ofereceria sexo em troca de informações. Vale lembrar que o presidente já afirmou usar o auxílio moradia para "comer gente". Quem, de fato, mistura sexo com trabalho é ele.

Sobra até para as mulheres de sua família. Sua filha de 11 anos foi resultado de "uma fraquejada", que não tem direito ao próprio corpo pois, segundo ele, se engravidasse de um estupro, seria obrigada a ter o filho. Não é de se espantar que Michelle se negue a fazer parte de sua campanha.

Somos 53% do eleitorado do Brasil. Sozinhas podemos tirar esse presidente, que por seu descaso com mulheres, deixou milhões de nós à deriva, sem poder alimentar os filhos e vítimas da violência de homens que pensam como ele.

Quem é mulher, de todas as formas, e se mobiliza por outras não admite que nos trate desse jeito. Quem é mulher não vota em Bolsonaro.

Quanto às poucas que ainda apoiam o presidente, torçamos para que, como a fábula, ele afunde com elas e não chegue na outra margem do rio.

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