Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu

Promoção de fuzis vende arma grande para dotados de anatomia pequena

'A esquerda não tem a mamadeira de piroca? Teremos a nossa mamadeira de fuzil', diz assessor de imprensa

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Para comemorar o Dia da Independência, a fabricante de armas Taurus resolveu fazer uma promoção inusitada: uma grande liquidação de carabinas e fuzis.

Batizado de "Semana da Pátria", o saldão oferece "condições especiais" para quem quiser adquirir sua própria arma de cano longo. A iniciativa é uma homenagem ao governo Bolsonaro, que criou decretos que facilitam o acesso de armas de fogo pela população.

Na ilustração de Galvão Bertazzi vemos um sujeito caminhando, enquanto carregando muitas armas debaixo do braço. O topo da sua cabeça está aberta e de dentro dela sai vário canos de armas. O personagem veste verde e amarelo e uma das mãos empunha um revólver. Ele está sorrindo e atira pra cima.  Ao redor do desenho vemos muitas poças de sangue que se espalham pela ilustração. Vários buracos de bala ao fundo, de onde escorre mais sangue.
Ilustração - Galvão Bertazzi

A ideia da promoção de fuzis veio da equipe de marketing da empresa. "Nossos especialistas perceberam a preferência dos nossos clientes por armas grandes, para compensar partes pequenas da anatomia", diz o assessor de imprensa, Augusto Guerra.

A promoção pretende ser uma versão armada da Black Friday. "Vamos chamar de Red Friday porque vermelho é a cor que mais aparece quando se atira com um fuzil Taurus", brinca o assessor.

Uma pesquisa encomendada pela empresa concluiu que a marca é a preferida do público conservador. "Não tem nada a ver com o nosso nome. A associação de touro com gado foi pura sorte", diz Guerra.

A gerente de vendas Amanda Bala defende uma ampla distribuição de fuzis pelo país. O primeiro passo é expandir as áreas da promoção para além dos clubes de tiros e saunas masculinas de elite, como as escolas de ensino médio.

"Qual criança não sonha levar uma arma para a escola e ganhar popularidade entre os colegas? Isso já é tendência nos Estados Unidos, por que não aqui?", questiona Bala.

A ideia é chegar também ao público de um a três anos. "A esquerda não tem a mamadeira de piroca? Teremos a nossa mamadeira de fuzil", anuncia Guerra, em primeira mão.

A gerente explica como funcionam os jargões de marketing dentro da empresa. "Na Taurus, público-alvo é quem leva bala. Brainstorm é o que acontece com o cérebro de quem toma tiro." A empresa também criou uma promoção especial para todos os clientes com sobrenome Pinto.

"Só assim podemos falar que estamos armando o Pinto", se diverte Augusto Guerra.

As condições serão ainda mais especiais para os eleitores de Bolsonaro. Mesmo quem não sabe manusear um fuzil poderá aproveitar.

"Não precisa ser atirador para fazer parte do nosso clube. Quem vota em político que libera armas também puxa o gatilho", comemora Guerra.

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