Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio

Após Sabesp, Tarcísio planeja privatizar filas e palavra bolacha

Raio privatizador vai muito além das grandes estatais.

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São Paulo está oficialmente à venda. Desde que foi eleito governador do estado, Tarcísio de Freitas caminha a passos largos para privatizar as estatais paulistas. Nesta semana, sua gestão fechou, sem licitação, dois contratos milionários com a agência IFC para consultoria sobre a privatização da Sabesp e da CPTM.

O governador já havia dado sinais de empolgação com a privatização ao martelar um púlpito, com uma euforia desproporcional, no leilão do trecho Norte do Rodoanel.

A necessidade de privatizar absolutamente tudo se tornou uma espécie de tara entre os "liberais". Alguns podem atingir o orgasmo em poucos segundos só de ouvir a expressão "iniciativa privada" e sentir um cafuné da mão invisível do mercado. Tarcísio quer ter muitos orgasmos, todos múltiplos.

A coluna apurou que o "raio privatizador" vai muito além das grandes estatais. Fontes do Palácio dos Bandeirantes revelaram que, além da Sabesp, outros bens públicos estão na mira do governador.

Na ilustração de Galvão Bertazzi, temos o Governador Tarcísio babando e segurando um martelinho minúsculo de leilão. O governador está grande, em meio aos prédios e viadutos da cidade de São Paulo. Placas de vende-se se espalham por toda a cidade e objetos da ilustração. O governador esboça um sorriso débil de felicidade vendida.
Ilustração de Galvão Bertazzi para coluna de Flavia Boggio de 19 de abril de 2023 - Galvão Bertazzi

O elevado Costa e Silva, conhecido Minhocão, será vendido ao setor privado e se chamará Big Worm Park. O governo também pretende privatizar todas as piadas relacionadas ao viaduto, como "o motorista pegou o Minhocão" e "vai dar ré no Minhocão".

Grande patrimônio do estado, a interjeição "meo" será entregue à iniciativa privada, que pretende cobrar R$ 30 de todo paulista que disser a expressão. Economistas preveem lucros recordes com a cobrança de paulistas como Fausto Silva e Marcos Mion.

O governo pretende privatizar um grande programa turístico paulistano, o "Golpe do Mercadão". A vítima terá que pagar ingresso para sofrer o golpe, além dos R$ 78 por uma pitaya, o que seria um golpe em cima do golpe.

Cartão-postal da cidade, a "fila em gelateria" está na fila para ser privatizada pelo governo. O cidadão que escolher o sabor do sorvete só quando chega na boca do caixa também será vendido, por atrasar a economia. O governador vai aproveitar e vender o sufixo "ria", de "pãodequeijaria", "buracoquenteria" e "roteiraria".

Por último, Tarcísio vai entregar o verbete "bolacha" à iniciativa privada. Já a palavra "biscoito" continua como patrimônio público, para ser usada livremente em território nacional, porque, para o governador, é a forma correta.

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