O ano é 2224. Após inúmeros experimentos genéticos, cientistas conseguem desenvolver o primeiro exemplar de ser humano do sexo masculino com útero. A sociedade científica comemora de forma entusiasmante. Finalmente os homens conquistam o direito de engravidar.
Como ninguém quer abrir mão do tão cobiçado pênis, a tecnologia genética mantém o membro. Afinal, quem quer ter vagina? Pelo falo, é possível engravidar, manter a oponência, molhar o assento do banheiro e realizar o ritual "pega no meu que eu pego no seu", a famosa "broderagem".
Mas há um empecilho. Após a extraordinária alteração genética, os homens também convivem com o fantasma da gravidez indesejada.
Finalmente, métodos contraceptivos são valorizados e aprimorados. As novas pílulas anticoncepcionais não causam mais espinha, depressão e trombose.
O dispositivo intra-uterino, o DIU, tão temido nos séculos anteriores por impedir o milagre da concepção, começa a ser vendido em todas as lojas de conveniência. Neymar vira o garoto propaganda do DIU Male Extreme e nunca mais teve filhos.
Em Brasília, políticos conservadores criam a bancada do DIU e defendem a liberdade de conservarem a não gravidez. "Se as pessoas transassem só para ter filhos, ninguém mais transava", disse um senador do PL, criador dos programas "DIU Para Todos" e "Meu DIU, Minha Não-Vida".
O Hospital São Camilo, conhecido por proibir o dispositivo séculos antes, inaugura uma sessão no térreo do prédio. Os pacientes conseguem inserir o dispositivo instantaneamente em um drive-thru.
No Vaticano, o papa João Paulo 26 libera o DIU. "Se foi inventado pelo homem, então é sagrado". Muitos homens trocam o nome de Deus por DIUs. Passam a falar "Graças a DIUs" e "Benza DIUs", provando que, mesmo com útero, continuam péssimos em trocadilhos.
Caso, por um infortúnio, os homens engravidem acidentalmente, podem realizar o aborto em alguma barbearia gourmet, enquanto desfrutam de uma IPA artesanal.
A taxa de natalidade cai drasticamente. Os poucos bebês que nascem, porém, são entregues às mulheres, afinal, quem cuida é a mãe.
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