Gabriela Prioli

É mestre em direito penal pela USP e professora na pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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Gabriela Prioli
Descrição de chapéu Folhajus

As eleições e o velho normal

Depois da luta vem o cansaço

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No fim das contas, 2020 nos mostrou que política se faz também com notas de repúdio. No lugar da estridência da nova direita, o velho normal. Muita gente escolheu quem botou panos quentes. O centrão, que é direita, não centro, se fortaleceu.

A suposta autenticidade de Bolsonaro será posta à prova. Diante da vitória da moderação, deve arrefecer o tom, como já demonstra a sua manifestação após o pleito de domingo: fala em fraude, como bom mau perdedor, mas sem gritar. Já vinha assim desde que foi amansado pelo STF. Os arroubos não são descontrole, são estratégia. É por isso que o novo bolsonarismo não excluirá pontuais acenos ao coração da sua base. Bolsonaro precisa garantir afagos dos machos líderes, como Putin, para alegrar os liderados.

O Brasil de hoje me lembra o poeta português quando diz: "o que há em mim é sobretudo cansaço". O gigante que acordou em 2013 não teve mais permissão para dormir. O povo cansa. A política do confronto permanente funciona melhor nas redes, mas exaure a vida real. Como eu ouvi recentemente do Preto Zezé, presidente nacional da CUFA: a materialidade é definidora da vida.

E mesmo entre aqueles para os quais o material não se impõe com tanta gravidade, há muitos cansados de ter que ter opinião sobre tudo. A eleição de Bolsonaro nos fez pensar nas redes sociais como um termômetro certeiro para o mundo. Não são. São recortes. Lembremos que estamos no Brasil e a pandemia nos mostrou que o acesso ao ambiente digital se distribui --como tudo o mais-- de forma absolutamente desigual.

A vida material já está suficientemente difícil para grande parte dos brasileiros. Precisamos de mais discussão propositiva em torno de pautas essenciais, menos discussão sobre pessoas. De esperança, não de ressentimento. Gastamos muito tempo nos últimos anos brigando por quem tem hoje o monopólio do bem —citando novamente Preto Zezé— e nos esquecemos de pensar o amanhã garantindo a sobrevivência no agora.

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