Helio Beltrão

Engenheiro com especialização em finanças e MBA na universidade Columbia, é presidente do instituto Mises Brasil.

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Uma rede sem tretas?

Clubhouse emerge com ambiente construtivo

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Elon Musk está impossível. A Tesla —empresa que preside e na qual detém 20% do capital— vale hoje pouco mais de US$ 800 bilhões, o equivalente à soma do valor de mercado de todas as empresas que compõem o Ibovespa: de Petrobras e Vale a Itaú, Ambev, e mais 70 empresas.

Já é o homem mais rico do Sistema Solar.

Não bastasse tudo que vem realizando, o toque de “Midas Musk” acaba de transformar a realidade duas vezes mais na última semana.

Os relatórios financeiros publicados na segunda-feira (8) revelaram que a Tesla adquiriu US$ 1,5 bilhão em bitcoin nos meses anteriores, desencadeando um novo “all-time high” da criptomoeda.


Agora, o valor total de mercado do bitcoin, de US$ 850 bilhões no momento em que escrevo, também ultrapassou o valor de mercado do Ibovespa inteiro.

Quero destacar, entretanto, outro momento, da semana passada. Musk entrou em um “chat room” da nova rede social Clubhouse para debater com o diretor-presidente da home broker revelação Robinhood sobre o caso GameStop. Foi o suficiente para detonar uma comoção de interesse no Clubhouse, cujos tremores atingiram o Brasil imediatamente.

A principal diferença entre o Clubhouse e as demais redes sociais é que o bate-papo é sempre ao vivo, só por áudio, e não há “inbox”, “direct”, texto ou vídeo.

Explora uma variante benigna do que se chamou na década passada de “nowism”: o agora, a gratificação imediata, ainda que efêmera.

São três categorias de participação nas salas; ouvinte, speaker e moderador. Há uma forte sensação de exclusividade e intimidade, especialmente por causa dos pioneiros que desde a quinta passada têm moderado e debatido em algumas das salas de bate-papo de maior interesse, que variam de temas como venture capital e empreendedorismo feminino a esportes, artes e educação.

Investi muitas horas durante o fim de semana passado no Clubhouse, e até abri uma sala: fiquei impressionado.

A última vez que tive essa sensação foi em 2003, no Orkut. Só que agora a tecnologia torna a experiência mais intimista e intensa. Parece que nós, moderadores, estamos sentados em uma mesa de bar, rodeados por uma pequena multidão de pé, interessadíssima na discussão.

O anônimo jamais teve tamanha facilidade para estar lado a lado com seus ídolos, de graça, em um ambiente propício a trocas construtivas.

Só esse traço, a quebra da hierarquia e aproximação entre todos, já justifica o elogio à rede. Uma ouvinte, menina de 13 anos que já faz dinheiro com marketing digital, levantou a mão e perguntou aos moderadores Flávio Augusto, fundador da Wise Up, e Thiago Nigro, criador do canal O Primo Rico, como deveria investir sua poupança. Que espetáculo!

Em outros momentos de camaradagem, influenciadores e geradores de infoprodutos trocavam dicas preciosas.

Percebi que, sem a proteção das teclas e expostos pela própria voz, as pessoas não entram no Clubhouse para brigar, mas para aprender.

O ímpeto empreendedor da nova geração está muito bem marcado na nova rede. Os jovens tentam ouvir tudo que empreendedores experientes estão dizendo —e provavelmente aprendem mais nessas conversas do que nos cursos de empreendedorismo, em que os soft skills têm menos espaço que as disciplinas teóricas.

É provável que esse clima de novidade civilizada capitaneada por “early adopters” não dure muito tempo.

​A turma do marketing pessoal barato, por exemplo, obcecada em monetizar cada minuto de seu tempo, deve encontrar uma forma ardilosa de vender seu peixe. Espero que o impacto entrada do mainstream na rede não estrague esse início promissor.​

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