Helio Mattar

Diretor-presidente do Instituto Akatu, foi secretário de Desenvolvimento da Produção do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (1999-2000).

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Experimente lugares novos de maneira sustentável

Todo mundo pode ser um turista mais consciente, da escolha do destino à compra de suvenires

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Viajar parece ser um dos desejos mais comuns do ser humano. No papel de “turista”, escapamos da vida cotidiana, redescobrimos o prazer de novas relações com lugares e pessoas e vivenciamos uma cultura em toda sua particularidade. Viajar é experimentar novos olhares e novas emoções. E podemos fazer isso de forma mais sustentável.

Sendo bem sucinto, fazer um turismo sustentável é diminuir o impacto negativo –ou aumentar o impacto positivo– na escolha do destino, na viagem em si, e na interação com o lugar visitado. Portanto, é uma atitude que perpassa todas as etapas de uma viagem.

 

Muito tem se falado sobre destinos mais sustentáveis no turismo, sejam aqueles voltados a conhecer e vivenciar o meio ambiente, os patrimônios naturais e culturais, sejam os que incentivam a economia local e, consequentemente, a vida das pessoas.

Um exemplo reconhecido dentro e fora do Brasil é a Pousada Uacari, que oferece uma vivência de turismo de base comunitária em plena Amazônia, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM). Outros podem ser conhecidos no Guia do Brasil Autêntico da Garupa, ONG que apoia e divulga projetos de turismo sustentável no país.

O impacto que geramos em uma viagem também se relaciona com a maneira como nos locomovemos, já que o transporte é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE) do mundo. Evitar o uso do avião, dando preferência a outros meios de transporte, pode cortar radicalmente as emissões de uma viagem. E se o uso do avião é inevitável, a melhor alternativa é optar por voos diretos.

Segundo um estudo de 2017 do International Council on Clean Transportation (ICCT), os navios de cruzeiro não são boa opção para substituir as aeronaves, pois até os mais eficientes emitem de três a quatro vezes mais CO2 por passageiro por km do que os voos.

Em casos de viagem de carro, vale lembrar que quanto maior o número de passageiros, menor a pegada de carbono por km para cada um. E sempre que der para ir de trem, melhor! Esse é o modal que emite os níveis mais baixos de GEE quando comparado a aviões, navios, carros e ônibus.

Para se locomover ao chegar no destino, a bicicleta e a caminhada são as opções menos poluentes, além de oferecerem a chance de se conhecer melhor o local, num ritmo menos acelerado e mais agradável. No caso de passeios mais distantes, vale considerar o transporte coletivo ou os ônibus de city tour, que levam diversos turistas e dividem entre eles a pegada de carbono.

E ao fazer turismo que envolva o contato próximo com a natureza –seja em praias, em florestas ou em trilhas– é importante levar apenas as lembranças daquela experiência, deixando intacto o ambiente pelo qual se passar.

 

Refletir sobre o que comer durante uma viagem também é um ponto importante para fazer um turismo mais sustentável. De acordo com o IPCC, de 25 a 30% das emissões globais de GEE estão relacionadas à nossa alimentação de alguma maneira. É claro que experimentar a culinária do lugar faz parte da experiência turística, assim como aprender com ela. 

Mas na hora de consumir, podemos dar preferência a alimentos e pratos feitos com ingredientes da época, assim como a opções com menos embalagens ou com embalagens biodegradáveis. Também podemos favorecer os produtores locais: além de incentivar a economia do lugar, há maiores chances de adquirir alimentos mais fresquinhos.

Produtores e artesãos locais também merecem atenção na hora de comprar suvenires. Na grande maioria das vezes, eles oferecem itens que de fato se conectam com a realidade do destino visitado, valendo também explorar melhor o seu significado. Você, no papel de turista e consumidor, ajuda assim, mais uma vez, a aquecer a economia local.

No caso de adquirir produtos que não sejam locais, busque aqueles com certificados ou selos como o Fairtrade, que garante que a cadeia produtiva daquele item trabalha com um comércio justo, isto é, buscando distribuir os benefícios da venda do produto entre todos que se envolveram em sua produção.

E, por fim, sempre que possível, priorize os produtos duráveis, que têm vida útil mais longa, fazendo com que as memórias da sua experiência turística permaneçam vivas por mais tempo. 

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