Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

O flagelo da Terra

Embora atividade humana prejudique espécies, também faz com que surjam novas

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São Paulo
Urso polar muito magro anda cambaleante
Urso polar cambaleia de fome no Canadá - Cristina Mittermeier/Instagram

O homem, flagelo da Terra, está destruindo a natureza em escala industrial e, com isso, provoca a sexta extinção em massa da história do planeta. É verdade? Provavelmente sim, mas essa não é toda a história, a crer no controverso "Inheritors of the Earth" (herdeiros da terra), de Chris D. Thomas.

Thomas, que leciona ecologia na Universidade de York, sustenta que, embora a atividade humana esteja levando ao desaparecimento de muitas espécies, também faz com que surjam novas, num número possivelmente maior do que as que se vão.

Se, com a destruição de florestas, a mudança climática, a acidificação dos oceanos, reduzimos o espaço ecológico para muitas espécies, ao transportar bichos e plantas para os mais diversos cantos do planeta lhes damos a oportunidade de se espalhar e se diferenciar da população original, empurrando a evolução. Até o aquecimento global, que é uma tremenda ameaça, pode fazer com que o número de espécies aumente, já que ecossistemas mais quentes tendem a ter mais diversidade.

Vejo um problema nos cálculos de Thomas. Ele só leva em conta a parte catalogada da biologia. Não dá para descartar a possibilidade de que, nas florestas tropicais ou no fundo dos oceanos, espécies das quais nunca tomamos conhecimento estejam sendo dizimadas sem compensação.

É verdade que estamos trocando grandes felinos e paquidermes, que dizem muito à nossa imaginação romântica, por novas espécies de pardais e ratos e das pulgas e piolhos a eles associados, mas a história do planeta é essa mesmo. Nas cinco extinções anteriores, foram os bichos grandes os que mais pereceram.

Não sei se constatar que a sexta grande extinção se faz acompanhar da sexta grande gênese é um consolo, mas o livro de Thomas serve para nos lembrar que o mundo, em especial o mundo biológico, é um lugar complexo, pouco compatível com nossas narrativas mais simplistas.

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