Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Pedofilia assombra o Vaticano

Igreja protege padres mesmo quando eles agem em desacordo com os valores apregoados

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Investigações em vários países vão mostrando que os abusos sexuais cometidos por padres contra menores eram generalizados e que a Igreja Católica tinha um esquema instituído para esconder esses crimes. O próprio papa Francisco acaba de ser acusado, sem provas, de ter acobertado um cardeal.

Há duas perguntas importantes aqui: por que parece haver tantos casos de pedofilia envolvendo clérigos católicos e por que a igreja os protegeu em vez de denunciá-los.

A rigor, não sabemos se padres cometem mesmo mais abusos sexuais do que a população masculina em geral. Parece razoável, porém, afirmar que o celibato exigido dos sacerdotes é uma idiossincrasia católica que merece exame. 

O veto ao casamento constitui uma espécie de fachada perfeita para pedófilos, já que legitima e confere elevado status social à vida de solteiro e ainda proporciona a oportunidade de interagir com jovens numa posição de poder. Não por acaso, outras atividades que atraem pedófilos incluem as de professor, pediatra, técnico esportivo, chefe de escoteiros.

Até aqui, penso que a situação nem seria tão desastrosa para a igreja. A pedofilia, afinal, pode ser considerada uma doença, algo sobre o que a hierarquia católica não tem muito controle. O que efetivamente torna a posição do Vaticano moralmente insustentável são os repetidos esforços para acobertar os abusos. O acumpliciamento voluntário, ao contrário da pedofilia, não pode ser considerado uma moléstia.

O problema aqui é que a igreja, a exemplo de outras organizações complexas voltadas a propagar uma ideologia, investe tanto na formação dos padres, os vetores encarregados de transmitir os memes religiosos e zelar por sua pureza, que eles se tornam mais valiosos que os fiéis. Mesmo quando estão agindo em desacordo com os valores apregoados, a instituição os protege. 

Vamos ver agora se a lógica organizacional continuará prevalecendo sobre a moral.

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