Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Educação emperrada

Escolas são a nossa principal esperança para construir um país mais próspero

Sala de escola pública na Vila Mariana, zona sul de São Paulo
Sala de escola pública na Vila Mariana, zona sul de São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

São bem desanimadores os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2017, que combina o desempenho de alunos em provas de português e matemática com dados sobre aprovação e evasão na rede.

A situação até que não é tão ruim em relação aos anos iniciais da educação básica. Nesse recorte, o índice médio da rede oficial no Brasil foi de 5,5 pontos, 0,3 ponto acima da meta. À medida, porém, que se avança para etapas superiores, os números vão piorando bastante.

Nas séries finais do ensino básico, o índice obtido foi de 4,4 (para uma meta de 4,7). E, no ensino médio, vem o desastre: o índice foi de 3,5, quando a meta era 4,4. E vale observar que nossas metas são bem modestas na comparação com o índice alcançado pelos países da OCDE, que é de 6.

Educação tem valor intrínseco. Oferecer uma escola decente para todos é provavelmente a missão mais nobre do poder público. Mas, no atual estágio de desenvolvimento do Brasil, a educação é também nossa principal, se não a única, esperança de construir um país mais próspero.

Com o fim do bônus demográfico, a rota que sobra para o enriquecimento é o aumento da produtividade, que, em teoria, tem forte correlação com a educação. No Brasil, contudo, o efeito da escola sobre a produção tem sido ridiculamente baixo.

Um estudo de 2016 do economista Ricardo Paes de Barros revelou que, no Brasil, entre 1980 e 2010, cada ano a mais de estudo resultou num aumento de produtividade equivalente a US$ 200 por trabalhador, o que é irrisório na comparação com outros países. No Chile, o impacto de cada ano extra de escola foi de US$ 3.000, na China, de US$ 3.500 e, na Coreia do Sul, de US$ 6.800.

Sem aumento da população economicamente ativa e sem uma educação que possibilite ganhos de produtividade, não sobra nenhum caminho claro para o crescimento. Vamos assim nos condenando a não ser muito mais do que um país de renda média.

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