Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Descrição de chapéu Rússia Itamaraty

Lula fala demais

É do interesse do país que presidente busque equilibrar-se entre EUA e China, sem tomar partido muito claro de nenhum

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Lula fala demais e abusa do improviso. Ninguém sabe ao certo o que vai acontecer com a economia mundial nos próximos meses e anos, mas, no que diz respeito à geopolítica, o cenário é um pouco menos incerto. Pelos próximos tempos e até onde a vista alcança, EUA e China disputarão influência e mercados.

É um terreno bem favorável a países como o Brasil, que não se alinham automaticamente a nenhuma das duas potências e têm forte relacionamento econômico com ambas.

Os presidentes Lula e Xi Jinping são recepcionados por crianças em Pequim - Ricardo Stuckert/Brazilian Presidency/AFP

Pelo menos em teoria, Washington e Pequim têm interesse em buscar a cooperação de Brasília, o que nos deixa numa posição vantajosa para negociar acordos comerciais e firmar pactos políticos. Para extrair o máximo dessa situação, precisamos sinalizar ao mesmo tempo independência e confiabilidade, isto é, que podemos pender tanto para um lado como para o outro, dependendo da questão, e que seremos sempre um parceiro leal, mesmo nas situações em que haja discordâncias. Na prática, isso significa que não podemos fazer juras de amor eterno nem atacar impiedosamente nenhuma das partes.

É aí que Lula tem metido os pés pelas mãos. Ele até que cumpriu honrosamente o protocolo em seu tour pelos EUA, no início do ano, mas agora, em sua viagem à China, desferiu uma série de caneladas desnecessárias contra Washington, o dólar e até a pobre da Ucrânia, que sofreu uma invasão legal e moralmente injustificável. Esse tipo de arroubo retórico não nos traz muitos ganhos diante dos chineses, mas pode nos fazer perder bastante diante dos americanos.

Não vou dizer que não aprecie as falas de improviso de Lula. Como o superego não é o forte do presidente, são essas intervenções que nos permitem vislumbrar o que ele realmente pensa. Acredito, porém, que, nas viagens internacionais, dado o potencial de dano para o relacionamento com outras nações de frases e ideias mal colocadas, Lula deveria ater-se a discursos escritos.

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