Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Folhajus Partido Republicano

Como se livrar de um tirano

Americanos discutem se cláusula constitucional contra insurreições torna Trump inelegível

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São Paulo

A democracia sai fortalecida sempre que um governante com tendências autoritárias e pouco respeito pela institucionalidade é apeado do poder pelo voto. Foi o que aconteceu com as derrotas eleitorais de Donald Trump em 2020 e de Jair Bolsonaro em 2022. Mas Trump, ao contrário de Bolsonaro, tem chances de disputar o próximo pleito. Ele é o favorito inconteste para obter a indicação republicana e, dadas as inconstâncias do eleitorado, teria chance de voltar à Casa Branca.

Diante dessa perspectiva, alguns juristas vêm flertando com uma espécie de tapetão. Afirmam que a seção 3ª da 14ª emenda à Constituição americana impossibilita Trump de reassumir o posto. O argumento é poderoso. O texto constitucional reza: "Nenhuma pessoa poderá [...] ocupar qualquer cargo, civil ou militar, nos Estados Unidos ou em qualquer Estado, que, tendo previamente prestado juramento [...] para apoiar a Constituição dos Estados Unidos, tenha se envolvido em uma insurreição ou rebelião contra a mesma, ou tenha dado ajuda ou conforto aos seus inimigos".

O ex-presidente dos EUA Donald Trump em foto tirada durante fichamento em cadeia de Atlanta, na Geórgia - Reprodução/Condado de Fulton - AFP

Vale atentar que a norma não exige que a pessoa, para ser barrada, tenha sofrido condenação judicial nem que tenha tido participação ativa em conspirações, bastando que tenha auxiliado ou dado consolo a quem agiu contra a Constituição. E os tuítes de Trump elogiando a turba que invadiu o Capitólio estão gravados para a posteridade. Como o texto foi escrito em 1868, não dá para classificá-lo como casuísmo.

A dúvida é como a norma se materializa na prática. Dá para imaginar vários caminhos, mas é quase certo que a contenda terminará na Suprema Corte. Ela hoje tem maioria conservadora, sendo que três dos juízes foram nomeados por Trump. A ironia é que os conservadores tendem a ser originalistas ou partidários de outras escolas interpretativas que se apegam à literalidade do texto constitucional. E, pelo que está escrito, é difícil desenquadrar Trump.

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