Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Cegueiras políticas

Preferências ideológicas não deveriam impedir ninguém de ver o que é imoral

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Simpatizantes de Israel entraram em confronto com apoiadores de palestinos em várias cidades ocidentais, como Nova York, Chicago, Londres, Berlim e Sydney. As lealdades são pautadas tanto por pertencimento étnico como por preferências políticas. De um modo geral, a esquerda fecha com os palestinos, enquanto a direita se perfila ao lado de Israel.

O interessante aqui, e que dá um bom caso para os psicólogos sociais estudarem, é que a situação já foi diametralmente oposta. Israel surgiu como um país socialista. A primeira nação a reconhecer "de jure" o novo Estado, em 1948, foi a União Soviética. As armas que Israel recebeu da Tchecoslováquia, então parte do bloco soviético, foram fundamentais na Guerra de Independência.

Grupo pró-Palestina protesta perto da embaixada israelense em Londres - Toby Melville/Reuters - REUTERS

Mais: os 20 primeiros governos de Israel (e cinco premiês) foram socialistas/trabalhistas. Israel também era o país dos "kibbutzim", combinação de comuna com fazenda e polo industrial, que chegaram a ser descritos como o socialismo que deu certo. Não durou muito, mas por um tempo deu.

Aos poucos, porém, Israel foi se afastando dos soviéticos, que preferiram apostar no pan-arabismo de Nasser, e se aproximando dos EUA. Foi só no fim dos anos 1970 que israelenses começaram a eleger também governos de direita. A partir dos anos 1990, com o grande afluxo de judeus russos, que já chegavam vacinados contra ideias de esquerda, e a maior participação dos ultrarreligiosos em eleições, a direita foi ganhando mais espaço na política israelense. Até que se chegou ao governo de extrema direita de Netanyahu.

A tendência ao tribalismo inscrita na natureza humana é o que é. Mas a política jamais deveria impedir ninguém de ver que os palestinos têm direito a viver num Estado soberano, sem ocupação estrangeira, mas que não há nem pode haver justificativa moral para os ataques diretos e crudelíssimos, que incluíram estupros, que o Hamas perpetrou contra civis israelenses.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.