Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu aborto drogas

Blasfêmias conservadoras

Oposição radical a aborto, jogo e drogas revela inconsistências do pensamento conservador

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Lula e Paulo Gonet se identificam na oposição ao aborto; o Congresso ficou a um triz de não regulamentar os cassinos online, o que teria significado abrir mão de arrecadação para países menos moralistas; até o STF, aí mais por razões pragmáticas, preferiu adiar sine die o julgamento que descriminalizaria o uso de drogas.

O deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) exibe cartaz contra o aborto em sessão da Comissão de Previdência e Família da Câmara - Victoria Azevedo - 25.out.23/Folhapress

Eu entenderia a posição dos conservadores se existissem iniciativas para tornar aborto, jogo e drogas obrigatórios para todos. Mas esse está longe de ser o caso. Quem é contra essas atividades sempre será livre para não praticá-las. Uma outra situação em que eu compreenderia a atitude conservadora é se a descriminalização/regularização trouxesse claros efeitos antissociais adicionais. Não me parece que seja o caso.

Se as mulheres forem livres para decidir quando terão filhos, a sociedade ficará mais e não menos organizada. No caso dos cassinos online, a posição da bancada da Bíblia é comicamente burra. Já é possível jogar de quase qualquer ponto do território nacional e sem violar leis, bastando acessar sites lotados no exterior. A recusa em regulamentar essas apostas apenas faz com que outros países se apropriem dos impostos gerados pelos jogos feitos aqui.

A questão das drogas é mais complexa. É óbvio que um maior consumo de drogas geraria mais ônus sociais. Mas a experiência de vários países que descriminalizaram/legalizaram mostra que a mudança de paradigma não provocou uma explosão de consumo. Na maioria deles, o álcool, que a sociedade tolera sem maiores dramas de consciência, continua sendo um problema maior que outras substâncias.

Há, por fim, as objeções religiosas. Não sou teólogo, mas elas me parecem quase blasfemas. Se existe um Deus e ele é onipotente e radicalmente contra aborto, jogos e drogas, não necessita de ajuda humana para punir aqueles que considera faltosos. Apenas imaginar que precise já deve configurar algum tipo de pecado.

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