Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Brasil tem mais museus que a Itália

Maioria das instituições é pública e tem coleções pequenas

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São Paulo

Em uma de suas ótimas colunas, publicada não muito tempo atrás, Ruy Castro se queixou de coisas que o Brasil tem em demasia, como faculdades de direito, farmácias e cirurgias plásticas, e lamentou a falta de bibliotecas, teatros e museus. Em relação a museus, Ruy está errado. Isso talvez soe como uma surpresa para o leitor, mas o Brasil é um dos países com mais museus do mundo, superando nações bem mais identificadas com as musas como Itália, Espanha e Reino Unido, este último sede do mítico British Museum.

Segundo a Unesco, em 2021 o Brasil era o sétimo país do mundo em número de museus, contabilizando 3.906 instituições. Perdíamos só para EUA, Alemanha, Japão, China, Rússia e França. Há algo de paradoxal no fato de o Brasil ter muitos museus e brasileiros mal nos darmos conta disso.

A publicação "Museus em Números", do Instituto Brasileiro de Museus, órgão ligado ao Ministério da Cultura, traz pistas para entender o fenômeno. O texto, de 2011, já está meio defasado, mas acho que o panorama geral não sofreu grandes alterações.

Menino examina o réptil "Caiman crocodilus" (jacaretinga) no Museu de Zoologia da USP, no Ipiranga, em São Paulo - Karime Xavier/Folhapress - Folhapress

A primeira coisa que salta à vista é que os museus brasileiros são bem diminutos. A maior parte das instituições afirmou possuir acervos com menos de 3.000 itens. A título de comparação, o Museu Nacional, o maior do país, tinha à época 20 milhões de itens.

Outra característica saliente é a natureza da administração dos museus. A grande maioria deles (67%) é público, no mais das vezes lotados na esfera municipal. Estamos, portanto, falando da nomeação de um diretor e de mais um punhado de servidores.

Os bens culturais brasileiros devem ser exibidos às pessoas, e não são poucos os museus que fazem um trabalho heroico, enfrentando grandes adversidades. Mas o paradoxo dos museus brasileiros se dissolve quando percebemos que o setor padece dos mesmos problemas que assolam a administração pública em geral: dispersão de recursos e clientelismo.

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